A partir do Decreto Estadual publicado em edição extra no Diário Oficial, do último dia 1/04, somente após algumas semanas de quarentena e, com possível achatamento na curva de contaminados pela COVID-19, o Rio Grande do Sul poderá retomar as atividades produtivas que foram consideradas não essenciais. Muitos de nós teremos feito um esforço maior do que poderíamos e alguns estarão enfrentando uma dramática falta de recursos. Não vamos negar a realidade achando que a vida voltará ao normal.
Analisando o histórico da pandemia na Europa e o contexto da chegada do frio no Rio Grande do Sul, vamos perceber a importância de aproveitar a volta das atividades produtivas para gerar recursos necessários a um provável aumento da contaminação. Se o isolamento geral inviabiliza até mesmo atividades essenciais, comprometendo o abastecimento e gerando uma enorme pressão social, por outro lado, se não nos prepararmos em número de leitos com respiradores e toda a estrutura de apoio ao sistema de saúde, vamos ficar oscilando entre a necessidade de isolamento e o desespero pela escassez de recursos médicos ou abastecimento. Não podemos deixar que o pânico ou a negação nos paralise.
A quarentena não resolve o problema, apenas posterga o caos. A única forma de prescindir dela será multiplicar exponencialmente nossa capacidade de atender os pacientes graves para que estejamos tranquilos enquanto produzimos. Imprescindíveis os próximos dias para que as lideranças públicas e privadas de cada região. É preciso apurar quantos leitos podemos ampliar, de quantos respiradores vamos precisar, quais equipamentos serão necessários e o quanto a quarentena afetou a saúde financeira de entidades privadas filantrópicas que atendem a enormes regiões.
É preciso conjugar as inteligências, da saúde e da economia, integrar esforços de servidores públicos e empreendedores para, então, avaliar quais fábricas poderão colaborar para produzir recursos indispensáveis ao grave momento que se aproxima. Adversários políticos e concorrentes precisam conversar, repensar seus valores, postergando projetos futuros em nome da urgência humanitária do presente. As mágoas, ofensas e vaidades pessoais devem ser esquecidas junto com todos os sentimentos menores.
Serão tempos difíceis que vão exigir o melhor de cada um de nós.