Prontuário universal sobre o paciente, mudança na cultura da sociedade, concorrência por melhores indicadores e hierarquização da saúde são algumas das tendências
Se falar sobre o futuro é difícil e complicado, imagine pensar sobre um tema como o amanhã da saúde. Foi o que fez o Tá na Mesa da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (FEDERASUL), abordando um dos assuntos mais importantes para o ser humano: saúde. A ideia foi ouvir sobre como os hospitais se comportarão diante de tanta inovação e reformulações do negócio em si. Para tanto, a Federasul convidou os gestores dos principais hospitais da capital gaúcha: Hospital de Clínica de Porto Alegre (HCPA); Hospital Mãe de Deus (HMD); Hospital Moinhos de Vento (HMV); Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) e Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. A mediação do painel foi da presidente da Entidade, Simone Leite.
Com mais de 600 leitos e com a missão de colocar o paciente como centro de tudo, o diretor técnico do HSL, Saulo Bornhost, afirmou que o hospital deve “preocupar-se com o desfecho da doença fora do ambiente hospitalar”, ilustrou. Além dessa preocupação, Saulo acredita que esta visão implantada irá possibilitar aos hospitais uma melhora na instituição como produto. Atualmente mais de 50% dos atendimentos do São Lucas é pelo Sistema Único de Saúde (SUS), realidade de mais da metade da população brasileira (integram o SUS mais de 160 milhões de pessoas).
Apesar da evolução tecnológica e da facilidade da internet das coisas e demais avanços científicos, uma das principais “chagas” do sistema de saúde, tanto o suplementar (convênios), quanto o público é a troca de informações (prontuários) entre as instituições. Para Mohammed Parrini, superintendente executivo do Moinhos de Vento, o hospital “deve estar preparado para cuidar da saúde”, e completou dizendo que a prevenção e preleção com novas tecnologias é que irão contribuir para o futuro do setor. Para a diretora-presidente do Hospital de Clínicas, Nadine Clausell, os hospitais devem se atentar ao princípio da melhora na performance e na eficiência hospitalar, e ironizou: ”ninguém gosta de hospital. Devemos olhar o paciente, estar ligado e comprometido com o sentimento do paciente dentro do ambiente. O futuro da saúde é não hospitaliza”, enfatizou. Nadine cobrou inovação, gestão e processo na condução nos negócios. “Temos que pensar fora da caixa, ouvir melhor o que o paciente tem a dizer e proporcionar um ambiente inovador e hierarquizado”, disse.
Julio Matos, diretor-geral da Santa Casa, e que atende 60% via SUS, defendeu uma reformulação profunda na legislação do SUS, “do jeito que está ele é completamente insustentável”, lembrou se referindo a atualização de tabelas de repasses aos hospitais que integram o Sistema, bem como alterações na Constituição sobre o tema. Para os próximos anos o investimento em Inteligência Artificial, segundo o diretor-geral, deverá ser mais profundo, e implicará numa considerável mudança no setor.
O Hospital Mãe de Deus, na visão de Fábio Fraga, vai trabalhar para a redução do tempo de espera em emergências, e na implantação de um sistema conjunto de troca de informações intrainstitucional, tendo como principal foco: eliminar o desperdício. “Não podemos admitir que a saúde seja cara”, disse Fábio, que defende que a evolução do setor está vinculada à questão tempo.
Até 2024 mais de R$ 670 milhões de reais devem ser investidos na saúde do Estado por essas entidades.