Prefeitos de Bento Gonçalves e Lajeado defendem organização e planejamento orçamentário

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Bons resultados em exercícios anteriores garantiram enfrentamento da crise sanitária. Autoridades cobraram unicidade e auditoria de casos subnotificados

Prefeitos durante painel promovido nesta quarta-feira (06/05). FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Organização, responsabilidade e transparência. Essas foram as atitudes defendidas pelos prefeitos de Lajeado (Vale do Taquari), Marcelo Caumo, e de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, Guilherme Pasin, para enfrentar a pandemia de coronavírus. Eles participaram do Tá na Mesa virtual desta quarta-feira (06), que discutiu os desafios em prol do desenvolvimento regional. Na condução do painel a presidente da Federasul, Simone Leite, e o vice-presidente, Anderson Cardoso, enalteceram as atitudes adotadas pelos gestores no combate ao coronavírus. Ambas as regiões, atualmente, registram um aumento expressivo no quadro de infecções pela COVID-19.

Marcelo Caumo afirmou que a cidade vinha numa constante linha de crescimento de sua arrecadação, desde 2016. Em 2019, o município recolheu mais de R$ 345 milhões em tributos, registrando um superávit de R$ 25 milhões. “Dificilmente iremos superar essa marca. 2020 tinha tudo para ser positivo, mas a pandemia abreviou projetos em nossa cidade”, afirmou Caumo.

Representando o Vale dos Vinhedos, Guilherme Pasin, prefeito de Bento Gonçalves, atribuiu o enfrentamento ao vírus por meio da testagem em massa, educação e conscientização coletiva e principalmente, gestão estratégica. ”Começamos a nos preparar em 30 de janeiro. Os números atuais nos preocupam, mas as ações que tomamos anteriormente nos conforta, mas não diminui nossa responsabilidade”, disse Pasin.

Por meio de parceria com o setor privado, Bento Gonçalves montou uma estrutura de 40 leitos de isolamento, que podem ser duplicados, além de 30 UTIs e na retaguarda 75 respiradores artificiais. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde da cidade, apresentados por Pasin, no mesmo período, em anos anteriores, a utilização dos leitos de UTI superavam a marca de 90%, porque incluíam procedimentos considerados eletivos, “isso significa que o uso real de leitos está dentro da normalidade”, explicou Guilherme Pasin.

ATITUDES

Questionados pela presidente, Simone Leite, sobre ações que visam minimizar os impactos da crise na economia regional, os prefeitos destacaram a prorrogação e o escalonamento de impostos municipais, flexibilização da burocratização da máquina pública, ações de educação social e a conscientização de estabelecimentos comerciais a instalarem recursos de sanitização (pias, dispenseres de álcool gel e etc).

Por terem as contas públicas sob controle e disciplina na contratação de servidores ou cargos de confiança, que inflam os custos com pessoal, ambos descartaram qualquer movimento que possa causar o parcelamento de salários e a desassistência dos serviços públicos essenciais. Marcelo Caumo afirmou que “nosso foco, além do combate à doença, é o de possibilitar, por meio da prorrogação de impostos, manter empresas e reinvestir os recursos em benefício da comunidade”, afirmou Caumo.

RETOMADA

O cenário pandêmico altera os planos de qualquer cidade, Estado e Nações. Os prefeitos defendem a retomada de pautas como Reforma Administrativa e Tributária. Ambos querem aumento dos repasses aos  municípios. ”É preciso desideologizar. Repassem-nos mais recursos. A vida acontece no município. Eu garanto que após aprovado um texto de Reforma Tributária que vise o município, no horizonte de cinco anos o Brasil terá qualidade de vida. Sou contra a diminuição de municípios, mas a favor da extinção daqueles que não se sustentam, ao contrário do que defendem [extinguir cidades com até 5 mil habitantes, independente da situação financeira], afirmou Pasin, critico do texto da PEC 45/2019, de autoria do deputado Baleia Rossi. Caumo teme que uma “simplificação” possa prejudicar mais os municípios, que segundo ele”é o elo mais fraco da corrente”.

O vice-presidente, Anderson Cardoso, fez uma reflexão sobre a pandemia que ampliou o debate. Ele disse que houve uma ruptura com tudo o que havia sendo pensado e planejado. “É uma Era de Mudanças para uma mudança de Era”, disse.

Seguindo esse pensamento, Marcelo Caumo disse acreditar que municípios como Bento Gonçalves e Lajeado servirão para trocar experiências com outras cidades: “A cicatriz dessa doença é deixar um mundo mais simples e solidário”. Pasin afirmou “ter fé” no segundo semestre, e que grandes feiras da Região estão mantidas, porém sem data fixa, mas com planejamento estratégico quando chegar o momento do “desembarque” desses importantes encontros empresariais.

Simone Leite finalizou desejando serenidade e coragem a todos os gestores públicos, representados em Caumo e Pasin. De acordo com ela, “tudo vai passar. Desejo bom senso aos demais prefeitos e que não façam da pandemia seu slogan de campanha”, cobrou Simone (ela esclareceu não ser a realidade dos convidados do painel).