Palestrantes do Tá na Mesa desta quarta-feira (27) não acreditam nas agendas de reformas em 2020 e dizem que a salvação de Bolsonaro está num governo de coalizão
Até 2019 muitos pensaram que aquele ano fosse o pior ou o mais dificultoso de suas vidas. Projeções de crescimento e a aprovação da Reforma da Previdência possibilitaram um horizonte de esperanças no primeiro ano da segunda década dos anos 2000. Tendo como tema “Brasil 2020: Quadro político e desafios” a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (FEDERASUL) ouviu os cientistas político Fernando Schuler, do INSPER/SP e Carlos Pereira, da FGV/RJ.
Na visão de Schuler, nos falta humildade. Parar e analisar melhor o que está acontecendo ao nosso redor.”Uma democracia forte se vê em momentos de crise e profunda participação política. Esse barulho é reflexo do maior interesse do brasileiro em participar da política”, disse.
Diretrizes conservadoras contribuíram para que Bolsonaro se fragilizasse. Falta de diálogo com Poderes e de uma política de coalizão, a fim de aprovar as reformas necessárias, caiu por terra.”Muitos fatores impedem a agenda de reformas. Deixar o Congresso ser protagonista durante a pandemia, só demonstra a necessidade da formação de um governo de coalizão, que facilita a vida do Poder Executivo, lhe proporcionando capacidade de governar”, afirmou Schuler.
Para o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, Carlos Pereira, governo de coalizão, na visão de Jair Bolsonaro e de seus correligionários, significa corrupção. Segundo o cientista político da FGV, “o presidente precisa mudar o perfil. A mudança pode ocorrer se uma coalizão, com o intuito de lhe permitir governabilidade, se formar. Porém se for algo episódico, o jeitão dele permanecerá o mesmo”, definiu.
Além das dificuldades, novas ações de outros Poderes e órgãos de fiscalização, que possuem independência constitucional, vão pressionar ainda mais o Planalto. “Existe sim o risco de impedimento do presidente”, afirmou Carlos Pereira. Fernando Schuler enfatizou que “os procedimentos estão no arcabouço democrático. O rito constitucional está sendo seguido. A independência da Polícia Federal foi demonstrada hoje, com a operação sobre as fakenews, e que já começam a afetar o âmbito familiar de Bolsonaro”, explicou Fernando.
Além de tentar reconquistar a governabilidade, ambos especialistas afirmaram que o foco do Brasil deve ser no que é importante, como economia, emprego, renda, controle da inflação e uma profunda reforma de Estado.
Provocados pela presidente da FEDERASUL, Simone Leite, sobre como será o segundo semestre de 2020, Schuler acredita que em meados de setembro, já haja uma estabilização e protocolos mais claros. Questionado sobre o cenário de 2022 (Eleições Gerais), Carlos Pereira define que Bolsonaro ainda será competitivo, porém não terá um “terreno fértil”, como em 2018. Segundo ele “Moro e Dória preenchem aquele núcleo de eleitores que não querem nem o PT e nem Bolsonaro”.
Os palestrantes estão programados para retornarem ao Tá na Mesa, entre fim de setembro e outubro, para analisar as ações e a situação pós-pandemia.