Há quase uma década, durante a maior crise econômica que já abalou a economia mundial, surgiu a Bitcoin (BTC). Na época, devido a bolha imobiliária norte-americana, o mundo foi “fiador” desta grave crise que quebrou as finanças de grandes países, incluindo o Brasil, assolado pela má gestão dos recursos públicos.
Com o intuito de explicar um pouco deste, ainda, nebuloso mundo onde o dinheiro existe apenas digitalmente e com uma preocupação de tudo ser amplamente segurado por inúmeros protocolos de criptografia, a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) trouxe, no último Tá na Mesa de setembro, três experientes nomes do mercado das criptomoedas. Foram convidados o diretor de Relações com Investidores da Atlas Quantum, Bruno Peroni; Fausto Vanin, profissional de Inovação Digital e Rodrigo de Campos Vieira, sócio de Pires e Gonçalves Advogados Associados. A mediação do encontro foi do vice-presidente da Federasul Cesar Leite.
Num mundo pulverizado, incluído o das moedas digitais, a principal queixa daqueles que se sentem curiosos com o tema é o que, de fato, ganha-se investindo em criptomoedas e quais os riscos que isso traz? Um dos motivos que pode trazer alento é o blockchain, que é uma espécie de certificado digital que organiza as informações dos usuários do dinheiro digital e as criptografa, ou seja, cria barreiras de segurança que impedem o descobrimento ou vazamento de informações dos usuários. Alguns dos prismas deste mundo, popularmente já conhecido como Dinheiro 2.0, é a possibilidade deste “dinheiro” tornar-se moeda de troca para diversos nichos, chamados tokens, como os destinados ao ramo de serviços, ativos e o dinheiro como conhecemos. “Para a utilização do blockchain é necessário o Token, que tem papel de moeda, mas ao mesmo tempo tem uma inteligência dentro dele que permite ao usuário utilizar e se aproveitar das coisas que pode fazer dentro desse ambiente, como transferências financeiras, campanhas de crowdfunding e votação em conselhos, tal como acontece já no Clube Juventus, da Itália”, afirmou Bruno.
Fausto Vanin, primeiro a falar na reunião-almoço, fez questão de focar na segurança e na solidez desta nova alternativa, que se pode considerar uma “rede social do dinheiro”, porém onde o anonimato e a segurança é primordial. Vanin explicou toda a segurança que envolve a ferramenta, e as alternativas inovadoras que a plataforma proporciona, como o investimento em crowdsale, que é uma espécie de “bolsa de valores” de produtos ou protótipos. Aqueles que acreditam em tal serviço podem investir naquele bem, disse Vanin.
Já para o especialista em Negócios Digitais Rodrigo de Campos Vieira, a principal característica do uso da moeda digital está na impessoalidade e privacidade, sem a necessidade de um home-banking ou algum terceiro que faça a ponte entre você e o serviço, daí a descartabilidade de bancos ou instituições financeiras, principal queixa e motivo de desconfiança de órgãos fiscalizadores ao redor do planeta, tais como Banco Central e CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e também do governo. Cesar Leite, vice-presidente da Federasul e especialista em Tecnologia, foi categórico em afirmar que “o circuito ao qual a moeda digital caminha é impossível de ser destruído ou quebrar, afinal, todos os milhares e milhares de IP’s conectados e que concretizam as operações, teriam de ruir ao mesmo tempo”, disse Leite.
Uma outra característica do uso de criptomoeda está na organização de todas as operações em dinheiro digital, que pode ser ilustrado como um “grande livro-caixa”, impossível de violar ou editar as entradas e saídas, dando uma maior confiabilidade nas relações econômicas e para fins de auditoria.