O ambiente hostil ao empreendedor brasileiro é um desafio, mas não um empecilho para as empresárias Lucy Onodera e Sheila Makeda, que participaram do Tá na Mesa dessa quarta-feira (18), na Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). De acordo com as convidadas, a herança familiar de perseverança e trabalho árduo é o segredo de qualquer negócio.
Segundo Sheila, diretora e idealizadora da Makeda Cosméticos, foi fundamental arriscar e acreditar. “Eu sempre senti falta de um produto que tratasse meu cabelo crespo. Quando encontrava algum e indicava para outras pessoas, logo paravam de produzir”, explicou ao relatar quando começou a empreender. Dessa experiência e do contato de salão de beleza e técnicas capilares que tinha de família, decidiu fabricar seu próprio produto. “No início, ninguém apostava no segmento do cabelo cacheado. Eu batia de fábrica em fábrica atrás de alguém que visse potencial na minha ideia”, comentou.
Quando encontrou uma parceira para o projeto, começou a produção, em 2012, com os R$ 4 mil, conquistados a partir de um trabalho como freelancer no Cirque Du Soleil. Hoje, a Makeda Cosméticos produz na faixa de 500 a 1.000 mercadorias por mês, vendidas através de uma loja física em um shopping de São Paulo e uma rede virtual. De acordo com Sheila, os próximos passos são expandir o negócio para o varejo e para Angola, onde sabe que há mercado consumidor. “Hoje, ainda sofro com as burocracias e as barreiras econômicas. Não posso comercializar na África, por exemplo, porque não temos divisas”, lamentou.
Nessa mesma linha, de planejar a expansão do negócio, nasceu a rede de franquias Onodera, idealizada por Edna Onodera, mãe de Lucy, e desenvolvida pela filha. “Ela [Edna] montou a primeira clínica em 1978 e só vinte anos depois conseguiu chegar na segunda loja, então percebi que o franchising daria muito mais rapidez nessa expansão”, revelou a sócia-diretora da marca, convidada do Tá na Mesa. Segundo ela, escolher bem os parceiros franqueados, priorizar a padronização e reunir a todos para tomadas de decisão são alguns dos desafios do segmento de franchising.
“É preciso buscar conhecimento, inovar, escolher uma equipe alinhada e parcerias estratégicas”, aconselhou. Com esse segredo de sucesso, a Onodera mantém um crescimento anual constante de 10 a 14%. “Nos últimos dois ou três anos, em função da crise, percebemos uma diminuição nesse percentual. Chegamos a 8% de crescimento, o que não é ruim, só menos do que o habitual”, comentou Lucy.
A presidente da Federasul, Simone Leite, que mediou o painel junto do vice-presidente Sebastião Ventura, questionou sobre os padrões de beleza. “Como as mulheres podem trabalhar essa questão?”, indagou. Para Sheila, é preciso começar aceitando o próprio corpo. “Só vamos conseguir mudar a sociedade se nos colocarmos em uma posição diferenciada e sermos quem somos”, finalizou. De acordo com Lucy, o importante é promover o autoconhecimento e o sentimento de se sentir bem. “A Onodera oferece mais do que serviços de beleza. Queremos que o público feminino se sinta bem consigo mesma, feliz com quem é”, complementou.