ACIST-SL apresentou do Boletim Trimestral Socioeconômico que trouxe informações sobre o Mercado de Trabalho
São Leopoldo é uma cidade única. Tem uma matriz econômica diversificada estimulada por empresas globais, abriga uma grande universidade, sedia um dos mais importantes Parques Tecnológicos do mundo, tem uma História bicentenária. Mas falta autoestima, o sentimento de orgulho e pertencimento por parte de muitos cidadãos. Orgulho este que geraria mais consumo, deixando aqui uma boa fatia do poder de compra gerado pelos bons salários e estimulando novos investimentos.
Esta é uma das conclusões que podem ser feitas após a apresentação dos dados da 16ª edição do Boletim Socioeconômico Trimestral desenvolvido e apresentando nesta sexta-feira (12), para empresários e lideranças pela ACIST-SL, idealizadora da publicação.
O aumento de 4,5% no Nível de Atividade no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2021 revela que a economia de São Leopoldo vem recuperando as perdas geradas durante a Pandemia por Covid-19. Job Zanella, diretora de Serviços da ACIST-SL e coordenadora do Boletim, explicou que o Nível de Atividade é desenvolvido pela equipe do Núcleo de Excelência Competitividade e Economia Internacional da Unisinos e é calculado a partir da Arrecadação municipal (impostos sobre a produção e a circulação); Geração de emprego formal (soma do estoque do emprego formal e a diferença entre as taxas de variação do salário médio dos admitidos e dos desligados); o Efeito Brasil (por meio do IBC-BR); e as Exportações locais.
Na comparação de abril 2022 e abril de 2020, São Leopoldo aumentou seu estoque de emprego formal em 4.202 vagas, finalizando o mês de abril de 2022 com um estoque estimado de 54.847 postos de trabalho formais. Aponta, assim, que em relação ao período pré-pandemia, a cidade está retomando as vagas de trabalho formal perdida.
E o Mercado de Trabalho foi o destaque temático desta 16ª edição e apresentou um importante raio x sobre a qualidade dos empregos gerados em São Leopoldo. O levantamento apontou que o setor de Serviços correspondeu a 40,0% do total de empregos formais, seguido pelos setores da Indústria (36,8%), Comércio (19,2%), Construção Civil (3,8%) e Agropecuária (0,1%).
Massa salarial – Conforme os dados, a massa salarial de maior valor está junto ao setor de Serviços, principalmente no segmento de Tecnologia da Informação. Em abril de 2022, ficou em primeiro lugar no ganho salarial (11,2%) e foi o segundo setor que mais estoque de emprego gerou (6,6%).
As atividades dos serviços de Tecnologia da Informação ficaram em segundo lugar na geração de estoques de empregos em abril de 2022. Dos 54.847 trabalhadores com carteira assinada em São Leopoldo, 3.992 estavam registrados na Tecnologia da Informação, sendo superados apenas pelo Comércio, que contabilizou 10.453 pessoas. Na sequência, ficou o setor industrial, onde as fábricas de máquinas ferramentas mantiveram 3.855 trabalhadores e o de armas e munições, 3.203 pessoas.
Chama a atenção que as empresas voltadas à Tecnologia da Informação estão apenas em 12º lugar no ranking dos 20 setores com o maior número de estabelecimentos.
O Comércio Varejista alterna os dados acima. É o setor que mais tem estabelecimentos (30,6%), com maior estoque de empregos (17,4%), mas o segundo em massa salarial.
O setor industrial, que tem extrema importância econômica para o município devido à sua força exportadora, foi o que mais assinou carteiras de trabalho em abril de 2022.
Queda – Porém, um dado negativo e que gerou inquietação foi o volume de demitidos no setor da Construção Civil, que foi responsável pelo fechamento de 2.286 vagas entre abril de 2020 e abril de 2022, causando uma queda muito grande no estoque de emprego formal deste setor em São Leopoldo.
Avaliação – Após a apresentação, Job Zanella convidou o secretário de Desenvolvimento Econômico Turístico e Tecnológico (Sedettec), Juliano Maciel, e Solon Stapassola Stahl, diretor executivo da Sicredi Pioneira, para avaliar os dados apresentados. Ela ressaltou que é preciso discutir as razões das pessoas com remuneração maior não consumirem na cidade e os motivos da queda nos investimentos na construção civil. Para Maciel, o Boletim mostrou que a matriz produtiva diversificada é um dos grandes responsáveis pelo município ter suportado o período pandêmico. Quanto ao pouco consumo local em relação aos municípios comparados, ele assinala que é preciso avaliar as características de cada um. “Não temos grandes shopping centers e sim muito comércio de rua, e este precisa ser melhorado para atrair todos os perfis de consumidores”, comenta, exemplificando com o projeto de revitalização da Rua Independência. “Não irá resolver toda a questão, mas irá ajudar a requalificar o comércio local”.
O diretor geral da Sicredi Pioneira, Solon Stahl, destaca que o ambiente de negócios pode ser melhorado por meio de políticas voltadas para a qualificação também dos empreendedores. Segundo o executivo, pessoas que estão recém iniciando uma atividade própria por necessidade devem ter apoio para se qualificar. “O crédito é muito importante, mas antes elas precisam conhecer todos os processos operacionais de uma empresa”, defende.
Autoestima – A conclusão a que chegaram é que a retenção dos profissionais qualificados e de novos investimentos passa pela qualidade de vida oferecida na cidade. “Quais atrativos são oferecidos em São Leopoldo? As noites são atrativas, há parques para o lazer, restaurantes adequados?” questiona Solon, que responde que a cidade precisa recuperar a sua autoestima.
Esta recuperação ocorreria a partir de uma série de ações que virão tanto da iniciativa privada como pelo poder público. Este último, conforme Juliano Maciel, vem realizando movimentos como a desburocratização na emissão de alvarás; apoio na consolidação de setores como Tecnologia da Informação e Indústria da Transformação, revitalização do comércio de rua; compras públicas serem feitas nas empresas locais, dentre outras.
O presidente da ACIST-SL, Felipe Feldmann, ressalta a importância das informações contidas no Boletim, que apontam que a cidade tem muito a oferecer aos seus habitantes. “A qualidade das empresas e a geração de empregos com massa salarial é muito importante, por isto é preciso atenção e políticas públicas para atender setores também muito estratégicos, como a Construção Civil”.
Sobre o Boletim
Boletim Trimestral Socioeconômico é uma iniciativa da ACIST-SL a partir das ações definidas em janeiro de 2018, por ocasião da revisão do seu Planejamento Estratégico. Naquele momento, foram apontadas as bandeiras de atuação da entidade, quais sejam: Educação, Meio Ambiente, Segurança Pública, Valorização da Cidade e Valorização do Ambiente Empreendedor.
A cada edição, o Boletim aborda, com muita profundidade, um dos quatro temas considerados essenciais para a cidade: Desenvolvimento Econômico, Saúde, Educação e Segurança Pública. E em todas as edições, é apresentado o mapeamento dos dados econômicos, com especial destaque para o Índice de Desenvolvimento, construído com exclusividade para a entidade.
Para efeitos comparativos, apresenta-se um panorama de outros três municípios escolhidos por serem semelhantes geográfica e economicamente a São Leopoldo: Novo Hamburgo, Canoas e Gravataí, pois pertencem à Região Metropolitana de Porto Alegre e possuem mais de 200 mil habitantes.
O conteúdo completo do 16º Boletim Trimestral Socioeconômico pode ser acessado AQUI.