O fluxo cambial brasileiro ficou negativo em US$ 843 milhões na primeira quinzena de janeiro, conforme informou nesta quarta-feira o Banco Central. Em igual período do ano passado, o volume de saídas superou o de entradas em US$ 1,024 bilhão. Ao longo de 2015, mesmo com a desconfiança política e de indicadores ruins da economia, que levaram o Brasil a perder o selo de bom pagador por duas agências de classificação de risco, o fluxo cambial total ficou positivo em US$ 9,414 bilhões – o melhor resultado desde 2012.
No início deste ano, a retirada de dólares pelo canal financeiro foi de US$ 2,335 bilhões, fruto de ingressos no valor de US$ 12,393 bilhões e de envios no total de US$ 14,728 bilhões. Este segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.
Já no comércio exterior, o saldo ficou positivo em US$ 1,492 bilhão nos primeiros 15 dias de janeiro, com importações de US$ 4,419 bilhões e exportações de US$ 5,912 bilhões. Nas exportações, estão incluídos US$ 1,304 bilhão em Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 1,081 bilhão em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 3,526 bilhões em outras entradas.
O Brasil recebeu mais dólares do que enviou na segunda semana de 2016. Conforme o BC, o fluxo cambial total ficou positivo em US$ 269 milhões entre os dias 11 e 15 deste mês. O destaque da semana foi de retiradas líquidas no valor de US$ 1,327 bilhão no dia 13 e de ingressos de US$ 1,221 bilhão no dia 15.
A retirada de dólares pelo canal financeiro no período foi de US$ 387 milhões, resultado de entradas no valor de US$ 7,224 bilhões e de remessas no total de US$ 7,611 bilhões. Este segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.
Já no comércio exterior, o saldo ficou positivo em US$ 656 milhões de 11 a 15 de janeiro, com importações de US$ 2,253 bilhões e exportações de US$ 2,909 bilhões. Nas exportações, estão incluídos US$ 553 milhões em ACC, US$ 541 milhões em PA e US$ 1,815 bilhão em outras entradas.
Após o rombo recorde em 2015, as operações de swap cambial continuam a dar prejuízo ao Banco Central com o dólar comercializado levemente acima de R$ 4,00 desde o início do ano. Segundo dados atualizados pela instituição, pelo efeito caixa, o resultado ficou negativo em R$ 9,807 bilhões na primeira quinzena de janeiro. No acumulado do ano passado, a perda foi de R$ 89,657 bilhões pelo resultado caixa e R$ 102,628 bilhões pelo competência – o maior desde que começou a oferecer esse tipo de operação ao mercado, em 2002.
Pelo efeito competência, os prejuízos com essas operações somaram R$ 7,419 bilhões nas duas primeiras semanas de 2016. O resultado das operações de swap por competência inclui ganhos e perdas ocorridos no mês, independentemente da data de liquidação financeira. A liquidação financeira desse resultado (caixa) ocorre no dia seguinte, em D+1. Em dezembro, o BC teve perdas de R$ 7,794 bilhões com os leilões pelo resultado caixa e de R$ 4,205 bilhões pelo competência.
O swap é uma ferramenta que o BC possui para evitar volatilidades bruscas no mercado de dólares. A instituição alega que o objetivo desse instrumento não é o de controlar a cotação da moeda, já que no País funciona o regime de câmbio flutuante. Estudo apresentado pelo próprio BC este ano, no entanto, põe em xeque a atuação da autoridade monetária nessa área para reduzir oscilações mais fortes do mercado.
Em contrapartida ao prejuízo do início do ano, o BC obteve ganho de rentabilidade com a administração das reservas internacionais de R$ 50,857 bilhões nos primeiros dias de 2016. Entram nesse cálculo ganhos e prejuízos com a correção cambial, a marcação a mercado e os juros. O resultado líquido das reservas, que é a rentabilidade menos o custo de captação, ficou positivo em R$ 42,776 bilhões no período.
Com isso, para o BC, o resultado das operações cambiais ficou no azul em R$ 35,357 bilhões nas primeiras semanas de 2016. O BC sempre destaca que, tanto em relação às operações de swap cambial quanto à administração das reservas internacionais, a autarquia não visa ao lucro, mas fornecer hedge ao mercado em tempos de volatilidade e manter um colchão de liquidez para momentos de crise.
Fonte: Estadão