Retração do PIB em 2015 passa de 3,00% para 3,02%, calcula Focus

O Relatório de Mercado Focus trouxe mais revisões para o Produto Interno Bruto (PIB) deste e, principalmente, do próximo ano. De acordo com o documento divulgado na manhã desta segunda-feira (26), pelo Banco Central, a perspectiva de retração da economia este ano passou de 3,00% para 3,02% – um mês antes estava em queda de 2,80%. Para 2016, a mediana das previsões saiu de -1,22% para -1,43%. Quatro semanas atrás estava negativa em 1,00%.
Segundo o IBGE, o PIB brasileiro caiu 2,6% no segundo trimestre deste ano na comparação com o primeiro e 1,9% ante o mesmo período de 2014. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro, o BC revisou de -1,1% para -2,7% a estimativa para a retração econômica deste ano.
No caso da produção industrial, não houve mudanças nas previsões para 2015 (a mediana das expectativas seguiu em baixa de 7,00%), mas a mediana das estimativas para 2016 passou de -1,00 para -1,50%. Há quatro semanas, as medianas destas previsões eram de, respectivamente, -6,65% e -0,60%.
Já a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, a projeção dos analistas passou por ajustes. Para 2015, subiu de 35,65% para 35,85% – quatro edições antes estava em 36,10%. Para 2016, a taxa foi mantida em 39,20% – um mês antes estava em 39,35%.
O Relatório Focus mostra, ainda, que a mediana das estimativas para o superávit da balança comercial de 2015 subiu de US$ 13,20 bilhões para US$ 14 bilhões de uma semana para outra. Quatro boletins atrás, estava em US$ 11 bilhões. Para 2016, o ponto central da pesquisa passou de US$ 25 bilhões para US$ 26,30 bilhões de uma semana para outra – quatro edições atrás do documento, estava em US$ 23,50 bilhões.
No caso das previsões para a conta corrente, o mercado financeiro fez alterações menores desta vez: a expectativa de um déficit de US$ 65,00 bilhões foi mantida (quatro semanas atrás, a projeção era de déficit de US$ 70 bilhões) e, para 2016, a perspectiva de saldo negativo saiu de US$ 47,75 bilhões para US$ 46,35 bilhões – um mês antes estava em US$ 55 bilhões.
Com esse movimento de redução, os analistas consultados semanalmente pelo BC estimam que o ingresso de investimentos para o setor produtivo já poderá cobrir integralmente o resultado deficitário em 2016, como já prevê o Banco Central para este ano. Nos últimos meses, segundo participantes, os analistas tentam reestimar as projeções levando em consideração a mudança de metodologia da nota do setor externo, em abril.
A mediana das previsões para o novo Investimento Direto no País (IDP) foi mantida tanto no caso de 2015 (US$ 62,50 bilhões) quanto no de 2016 (US$ 60 bilhões). Quatro semanas antes, essas medianas eram de US$ 65 bilhões e de US$ 62,30 bilhões, respectivamente.

IPCA para 2016 sobe de 6,12% para 6,22%, prevê Focus

Depois que o Banco Central jogou a toalha em relação ao cumprimento da meta de 4,5% também em 2016, as previsões para a inflação no Relatório de Mercado Focus dispararam em alguns casos e, no índice que mede o comportamento dos preços no atacado chegou a superar a marca dos 10%.
Segundo o documento divulgado hoje pela instituição, a mediana para o IPCA do ano que vem subiu de 6,12% para 6,22%. Esta é a 12ª semana consecutiva de elevação. Há quatro edições, o ponto central da pesquisa era de 5,87%.
No caso da elite dos economistas que mais acertam as previsões para a inflação no médio prazo, denominada Top 5, a mudança foi ainda mais gritante. Há 15 dias, esse grupo passou a prever que o BC não entregará a inflação na meta também no ano que vem. Pela mediana das estimativas do boletim Focus de hoje, o IPCA do ano que vem terminará em 7,30%, e não mais em 6,72% como revelava a previsão anterior. Quatro edições atrás estava em 6,46%.
A meta de 2016 é de 4,5% com margem de tolerância de dois pontos porcentuais para baixo ou para cima, o que abrigaria uma taxa de até 6,50%.
Já as projeções para a inflação deste ano subiram de 9,75% para 9,85% na pesquisa geral. Há quatro semanas, estavam em 9,46%. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro, o BC havia apresentado estimativa de 9,5% para este ano tanto no cenário de referência quanto no de mercado. Pelos cálculos da instituição revelados no RTI, o IPCA para 2016 subiu de 4,8% para 5,3% no cenário de referência e passou de 5,1% para 5,4% no de mercado.
Para a inflação de curto prazo, a estimativa para outubro disparou de 0,73% para 0,81% – estava em 0,60% quatro semanas atrás. Já a de novembro, passou de 0,61% para 0,63% de uma semana para outra ante taxa de 0,60% verificada há um mês.
As expectativas para a inflação suavizada 12 meses à frente também pioraram na pesquisa Focus de hoje, passando de 6,27% para 6,50% – exatamente no último limiar do teto da meta. A taxa de 6,05% era vista quatro edições atrás.
No caso do Top 5 de 2015, a mediana das previsões desse mesmo grupo saltou de 9,81% para 9,95% – também bem acima do teto da meta deste ano, que tem os mesmos parâmetros da de 2016. Há quatro semanas, essa mediana estava em 9,61%.
As projeções para os preços administrados voltaram subir no Relatório de Mercado Focus tanto para 2015 como para 2016. A mediana das previsões para esse conjunto de itens no ano que vem passou de 6,35% para 6,60%. Há quatro semanas, estava em 5,92%.
Para 2015, as estimativas do mercado financeiro para os preços administrados saíram de 16,00% para 16,11% de uma semana para outra – um mês atrás, a mediana das estimativas era de 15,50%. De acordo com o RTI de setembro, os preços administrados devem ter alta de 15,4% em 2015 no cenário de mercado e no de referência ante estimativa anterior de 13,7% em ambos os cenários.
Para chegar a estes porcentuais, o BC considerou a hipótese de variação de 9,6% do preço da gasolina até agosto de 2015 – vale lembrar que, depois disso, os combustíveis foram reajustados. Da mesma forma, o BC levou em conta a estimativa de alta de 15% do preço do botijão de gás, mesmo valor da ata e maior que os 4,3% do RTI passado.
No caso de tarifas de telefonia fixa, a estimativa era de -3% no RTI de junho, de -3,5% da ata passada e agora está em -3,5% no documento. Em relação aos reajustes das tarifas de energia elétrica, o BC projeta uma variação de 49,6% para 2015 ante alta de 43,4% do RTI de junho e de 49,2% da última ata.
A atualização do Relatório para os preços administrados em 2016 mostra que o BC espera um avanço desse conjunto de itens de 5,7% no cenário de mercado e no de referência. Em ambos casos, a previsão anterior da autoridade monetária no RTI era de uma alta de 5,3%. Na ata do Copom, as projeções estavam em 15,2% para 2015 e em 5,7% para 2016. Na próxima quinta-feira, o BC trará em nova ata uma atualização dessas previsões.
 
Fonte: Jornal do Comércio
PUBLICADO EM: 26 de outubro de 2015