Recuperar áreas degradadas é a saída para o desmatamento

Foi o que disseram, no Tá na Mesa, o ex-ministro Francisco Turra  e o pesquisador da Embrapa, Décio Gazzoni, onde falaram sobre cenários e perspectivas do agronegócio

         Com a tendência de se manter crescendo, o agronegócio vai sustentar seu potencial de continuar alavancando a economia (representa 40% do PIB no RS), disse o presidente da FEDERASUL, Anderson Trautman Cardoso, na abertura do Tá na Mesa desta quarta (14). O cenário aponta para que a produção brasileira de alimentos seja responsável por 40% do abastecimento mundial segundo previsão da FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

A informação, citada pelo ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, no Tá na Mesa, reforça o tema da palestra sobre Cenários do Agronegócio – Oportunidade e Ameaças onde também participou, como palestrante,  o pesquisador da Embrapa, Décio Luiz Gazzoni. Ele afastou qualquer possibilidade de impacto negativo no setor, em decorrência das instabilidades políticas do País. “A dimensão do agro é enorme”, concluiu.

No entanto, nem tudo está pronto. Gazzoni disse que é preciso diversificar os mercados para que o agro possa dobrar de tamanho. Ele explicou que existe mercado internacional mas falta uma boa política de marketing e comunicação.  

Apontou, como outra ameaça, a política ambiental brasileira: “As queimadas e o desmate representam um grande obstáculo ao crescimento do agro”, disse, esclarecendo que “os investidores não vão colocar crédito em atividades que não sejam sustentáveis”. De acordo com Gazzoni, em 2020 o Brasil registrou 74.098 mil focos de queimadas. “Ou o Brasil acaba com o desmatamento ou o desmatamento acaba com o Brasil”, concluiu.

Saídas

Para buscar mais produtividade, que falta a algumas regiões do agro, especialmente nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul o ex-ministro citou como opção, a intensificação das culturas de inverno para suprir a alimentação animal. Para ele, uma boa saída é aumentar a rotatividade das culturas o que evitaria o aumento dos custos de produção da proteína e o preço ao consumidor. “Temos 1,9 safras do ano, enquanto nas outras regiões colhemos três safras”, informa.

Outro exemplo estratégico e necessário citado pelo ex-ministro é a proximidade de criação dos animais com os frigoríficos, lembrando que no caso da carne bovina, o custo para transportar o gado inviabiliza sua comercialização e faz com que os frigoríficos desistam do abate. “Deveríamos fazer como na produção de frango cujo raio de abrangência entre a criação e os frigoríficos é menor”.

Também como alternativa para reforçar a produção sustentável evitando assim, as queimadas para ganhar mais espaço para a produção, tanto Turra como Gazzoni, lembraram das áreas degradadas. “Já foram recuperados 2 milhões de hectares e o Brasil tem mais de 100 milhões de hectares que poderão ser incorporados à produção evitando assim as queimadas e os problemas ambientais”.

PUBLICADO EM: 15 de julho de 2021