Preços derrubam receita externa do Rio Grande do Sul em 2015

O Estado embarcou em 2015 ao exterior um volume recorde de mercadorias, que alcançou 23,5 milhões de toneladas, frente a 6,5 milhões de 1997 (261%). O gosto só não foi tão bom, porque o mundo pagou muito menos pelas mercadorias. A queda de 17,1% nos preços dos itens negociados, com influência decisiva da baixa das cotações das commodities agrícolas (principalmente soja), frustrou as empresas gaúchas. O tombo foi maior do que o verificado nas exportações brasileiras no ano passado, com preços 15,8% menores que no ano anterior. Esse resultado negativo foi o responsável pela redução de 6,3% nas exportações do Rio Grande do Sul, um recuo de US$ 1,177 bilhão As vendas gaúchas para o exterior acumularam US$ 17,518 bilhões em 2015.
Os dados divulgados ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) mostraram ainda que aumentou a concentração da receita nos contratos firmados com os chineses. “Se o volume vendido tivesse sido vendido pelos preços de 2014, teríamos gerado US$ 3,6 bilhões a mais”, simula o economista do Núcleo de Dados e Estudos Conjunturais da FEE Tomás Torezani. A China também elevou sua fatia no total dos embarques. Além da soja, mais de 90% endereçada ao comprador, segunda economia do planeta, recursos ingressaram pelo envio do único casco da plataforma (P-67) de petróleo, montado em Rio Grande, com valor de US$ 394,2 milhões. O total gerado pelo gigante asiático, US$ 4,86 bilhões, significou 27,8% de tudo que foi faturado em dólares. Em 2014, a cifra havia ficado em US$ 4,4 bilhões, fatia de 23,8%. Ao lado da Argentina (US$ 1,3 bilhão) e dos Estados Unidos (US$ 1,2 bilhão), o trio respondeu por 42,9% do fluxo externo do Rio Grande do Sul, acima dos 38,3% de 2014. A queda de preços prejudicou mais a agropecuária, com recuo de 21,9%. O volume chegou a avançar 30,8%. A receita, por isso, cresceu timidamente, 2,2%. A indústria de transformação também teve redução de preços, com -15,7%; o volume subiu 7,9%; e o efeito para a receita foi de recuo de 9%.
Torezani citou maiores quedas no embarques de grãos de trigo (quebra de safra devido a chuvas) e em milho. “Neste último, o saldo em 2015 não repetiu o volume elevado do ano anterior de exportações”, observou o economista. O grão, base da ração de suínos e frangos (itens que se destacam na pauta exportadora), enfrenta elevação de preços internos associados aos embarques maiores, mas, neste caso, de vendas geradas em outros estados. “O milho foi o destaque negativo na pauta, com queda de US$ 172 milhões”, citou. Em 2014, o embarque gerou US$ 238,8 milhões em divisas e, em 2015, a receita se limitou a US$ 66,8 milhões.
No ano passado, as maiores elevações de receita vieram de China, Vietnã e Arábia Saudita, enquanto as quedas são de Paraguai, EUA e Alemanha. O Rio Grande do Sul foi o terceiro maior estado em receita das exportações e teve a menor queda do fluxo.
 
Fonte: Jornal do Comércio
PUBLICADO EM: 27 de janeiro de 2016