Penas mais severas podem reverter o caos da segurança

Simone Leite e Gustavo Caleffi durante o "Tá na Mesa" que discutiu a segurança pública - Foto: Ivan Andrade

Simone Leite e Gustavo Caleffi durante o “Tá na Mesa” que discutiu a segurança pública – Foto: Ivan Andrade

O grave problema da insegurança pode ser tratado por vários aspectos, defendeu o especialista em gestão de riscos e segurança estratégica, Gustavo Caleffi, ao elencar frentes de atuação que devem ser observadas para conter os alarmantes números de criminalidade. Ele defende a necessidade de que seja feito um grande esforço técnico para rever a legislação brasileira, em especial do Código Penal e Código de Processo Penal, e que neles constem penas mais severas. “Ser criminoso no Brasil compensa”, avalia. O palestrante do “Tá na Mesa” da Federasul, desta quarta-feira (14/09), diz que o início da solução passa pela educação familiar que foi corrompida para que sejam resgatados os valores sociais e que o resultado somente aparecerá em 20 anos.

Para vencer e medo e reverter o caos social assistido é preciso que o tema esteja entre as prioridades do Estado. “Falamos de Estado e não de Governos. Caso contrário vamos continuar com a banalização da vida humana”, comentou ele ao dizer que a sociedade civil já está mudando suas atitudes de lazer, locomoção, hábitos de consumo e vive em uma eterna desconfiança. “Tudo para se prevenir de uma possível situação de risco”.

Caleffi ainda apontou o alto custo da segurança no Brasil. O investimento cresceu nos últimos três anos e saltou de 5% em 2014 para 10,5% do PIB em 2016. Fora isso, no Rio Grande do Sul as escolas aumentaram em 75% os investimentos em equipamentos de proteção, assim como os condomínios elevaram seus gastos em 45% para tentar conter possíveis situações de risco.  Exemplificou com o abigeato disseminado pelo Estado, obrigando os empresários a fecharem os seus negócios após uma série de roubos. 

Caleffi também confia que a legalização das drogas pode contribuir para a redução da criminalidade. “Vivemos em um país que permite o uso, mas não a venda”, frisou. Sugeriu ainda que os impostos recolhidos poderiam ser usados como meio de informar a população sobre os danos que os entorpecentes geram à saúde.

Ao apontar a falência do sistema prisional brasileiro, disse que a privatização das estruturas não vai ser a solução. “Para os cidadãos, não faz diferença quem administra. O que precisamos é de mais gestão e profissionais competentes”, argumentou ao lembrar da experiência vivida em Joinville, em Santa Catarina, que possui um presídio industrial em que apenas 6% dos apenados reincidem na criminalidade.

O evento sobre segurança foi realizado pela Federasul em parceria com a Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), entidades que defendem urgência na priorização do tema. “Precisamos pressionar os governos para nos sentirmos mais seguros”, disse a presidente da Federasul, Simone Leite. Já o presidente da ACPA, Paulo Afonso Pereira, avaliou que “estamos vivendo numa sociedade oposta, que ultrapassou todos os limites toleráveis de violência”.     

 

PUBLICADO EM: 14 de setembro de 2016