Especialistas, reunidos no Meeting Jurídico da FEDERASUL, chamaram atenção para as regras e a política que as empresas precisam definir na prática da inteligência artificial
O avanço das ferramentas de Inteligência Artificial (IA) abre novas possibilidades para aumentar a produtividade e otimizar processos nas empresas, mas também exige atenção redobrada. A ética, a segurança e os impactos da Inteligência Artificial sobre as pessoas e as relações de trabalho foram debatidos no Meeting Jurídico realizado pela FEDERASUL nesta sexta-feira (08).

O painel reuniu três especialistas para discutir os desafios e oportunidades trazidos pelas novas tecnologias no ambiente empresarial: Marison Souza, sócio fundador da Privacy Tools; Joyce de Miranda Bachelli, advogada e DPO (Data Protection Officer) e Rafael Reis, especialista em Gestão de Risco. Eles alertaram que, ao incorporar novas tecnologias, é essencial que as empresas garantam a proteção de dados sensíveis, respeitem a legislação vigente — como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) — e adotem políticas claras de uso ético.

Entre os principais cuidados estão a verificação da origem e confiabilidade das informações geradas, a prevenção de vieses algorítmicos que possam gerar discriminação e a transparência com clientes e colaboradores sobre a utilização da tecnologia. Além disso, manter equipes treinadas e atualizar constantemente protocolos de segurança digital são medidas indispensáveis para evitar riscos jurídicos e reputacionais. Outro ponto ressaltado foi a importância de registrar e documentar processos, garantindo rastreabilidade das decisões tomadas com apoio da IA, o que facilita auditorias e protege a empresa em eventuais disputas legais.

O evento teve a moderação dos integrantes da Comissão de Assuntos Trabalhistas da Divisão Jurídica da FEDERASUL, Gustavo Casarin e Rosana Takeda. Marison Souza alertaram que, de um modo geral, a IA está sendo bem recebida pelos funcionários das empresas, mas que é necessário o “aculturamento” organizacional, mostrando que as ferramentas servem para auxiliar e não para substituir as pessoas. Lembraram ainda que a implantação de IA requer planejamento gradual e testes controlados para evitar falhas que possam comprometer a operação.

Joyce de Miranda Bachelli reforçou a posição, argumentando que as ferramentas da IA vieram para solucionar problemas como velocidade na análise documental e redução de custos operacionais. “As empresas precisam ter uma política definida de Inteligência Artificial”, complementou, sugerindo que tal política contemple desde a escolha de fornecedores até critérios para descarte seguro de dados processados pela tecnologia.

Rafael Reis, por sua vez, destacou a importância de que todos compreendam como as ferramentas de IA estão sendo incorporadas nas atividades rotineiras. Para ele, é necessário diferenciar automação — um sistema simples, que faz cálculos matemáticos — da IA, que trabalha com probabilidade e aprendizado. “O papel do advogado da empresa é viabilizar a utilização de novas tecnologias com segurança”, afirmou. Reis acrescentou que, no cenário atual, as empresas que equilibrarem inovação com responsabilidade terão vantagem competitiva, pois conseguirão implementar soluções mais rapidamente, sem abrir mão da conformidade legal e da confiança do mercado.