Mudanças no sistema tributário devem melhorar ambiente econômico

As mudanças no sistema tributário brasileiro devem melhorar o ambiente econômico a médio e longo prazo, segundo o economista-chefe do Sistema Fiergs, Giovani Baggio. Ele foi um dos palestrantes do evento “Papo com Café”, promovido pela ACI em Novo Hamburgo, na sexta-feira, 21, para discutir os impactos econômicos e jurídicos da reforma tributária. O evento também contou com a participação de Marciano Buffon, consultor tributário da entidade, membro do Conselho Tributário da Fiergs e professor da Unisinos.

Baggio destacou que, apesar de o país ter que conviver por um período longo com dois sistemas tributários paralelos e muitas questões ainda necessitarem de regulamentação, a reforma tributária simplifica a apuração, reduz a cumulatividade e privilegia a transparência. Ele acredita que, nos próximos anos, essas mudanças ajudarão a melhorar o desempenho do setor produtivo, as atividades das empresas e o próprio sistema tributário.

Atualmente, a tributação no Brasil é baseada no consumo, com bens e serviços contribuindo com 39,1% da carga tributária. Baggio apontou que a carga não é bem distribuída entre os setores, penalizando principalmente a indústria e setores produtivos intensivos em capital. Ele afirmou que mudanças são necessárias e que haverá ‘muito debate’ no país nos próximos anos. Além disso, destacou que a redistribuição do bolo tributário entre estados e municípios, através do IBS, beneficiará a maioria dos municípios e incentivará a volta das empresas aos grandes centros consumidores, para obter vantagens logísticas e aproximar seus produtos dos consumidores.

O evento reuniu 110 participantes no auditório da ACI. Na abertura, o diretor, Fauston Saraiva, afirmou que a reforma tributária já começou e que quem não estiver adequado em janeiro de 2026, quando as mudanças passam a vigorar oficialmente, estará fortemente propenso a ficar fora do mercado. Por isso, a entidade criou um grupo de trabalho com cerca de 40 especialistas, entre advogados, contadores e empresários, para entender os 540 artigos, realizar estudos e proporcionar aos associados a correta aplicação nos seus negócios. “Não sabemos exatamente o que nos espera. A ACI vai promover uma série de ações, como esta, para dar o melhor aos associados e permitir que compreendam o que está sendo proposto na reforma tributária”, acrescentou.

Tentativas ao longo de 30 anos

Marciano Buffon enfatizou que a reforma ocorre após várias tentativas mal-sucedidas nos últimos 30 anos e que a emenda constitucional 132, que necessita de regulamentação, trata prioritariamente da tributação sobre o consumo. A reforma unifica tributos e cria um IVA Dual à brasileira, diferenciando-se do modelo adotado por outros países, especialmente pela forma de incidência e pela alíquota elevada. Os atuais ICMS e ISS serão unificados no IBS (Imposto Sobre Bens e Serviços) e, junto a ele, compondo o IVA Dual, haverá a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que unifica e substitui os tributos federais PIS, Cofins e IPI (cuja alíquota será zerada). A alíquota geral do IVA estimada é de 28%, dividindo-se em 18,70% de IBS e 9,30% de CBS.

“O grande mérito é o fim da cumulatividade e das discussões sobre créditos tributários de ICMS. Além disso, elimina as 27 alíquotas diferentes de ICMS existentes atualmente, que foram responsáveis pela guerra fiscal entre os estados durante décadas, e introduz novos elementos, como a tributação menor do mínimo existencial, o que permite benefícios às famílias com renda per capita de 0,5 salário mínimo”, completou Buffon.

PUBLICADO EM: 24 de março de 2025