A tecnologia embarcada em todos os setores, com especial destaque para a Indústria, é apenas a ponta do iceberg da transformação digital que ainda está por vir e que, com certeza, impactará no mercado de trabalho. Dados extraídos de pesquisas e do Fórum Econômico Mundial apontam que mais de 50% das atividades de trabalho poderão ser automatizadas até 2065 e 75 milhões de empregos serão substituídos por máquinas. Em contrapartida, a revolução digital e a automação podem gerar 133 milhões de novas vagas. Somente em São Leopoldo, há mais de 500 vagas abertas nas diversas áreas da Tecnologia da Informação. A demanda por novas profissões colocará a Educação no topo das prioridades para a renovação do cenário profissional. Estas foram algumas das premissas do Momento do Empreendedor realizado pela ACIST-SL, nesta quinta-feira (23), com o tema central A Transformação Digital Passa pela Educação.
O evento on-line contou com a presença do presidente da ACIST-SL, Siegfried Koelln e do vice-presidente de Indústria da entidade, Cleomar Prunzel, tendo como debatedores Fabiana Metzler Goulart, diretora da Escola Sesi de Ensino Médio Arthur Aluizio Daudt; Rivka Majdenbaum, analista sênior do Departamento Regional do Sesi; Victor Emmanuel Gomes, diretor das escolas Senai Plínio Gilberto Kroeff, Lindolfo Collor e do Instituto Senai de Inovação em Soluções Integradas em Metalmecânica; Bruno Trasatti, especialista em Inteligência Artificial do Senai Metalmecânica, e Maiara Fangueiro, gerente executiva da ACIST-SL.
Enquanto o Brasil registra quase 100 milhões de pessoas sem carteira assinada (mais de 14 milhões de desempregados e 80 milhões na economia informal), o diretor Victor Emmanuel Gomes enfatizou quem em contrapartida, há uma grande demanda por profissionais qualificados. Exemplificando com a área de Tecnologia da Informação, citou que, até 2024, a expectativa é de crescimento, chegando a 421 mil vagas no setor, além de aumento na contratação de profissionais administrativos, nível técnico e em outras tecnologias. “Mesmo durante a crise da pandemia, empresas que habilitaram tecnologias 4.0 tiveram aumento no faturamento e quadro funcional”, destacou. Nesse contexto, Bruno Trasatti acrescentou que a Covid 19 forçou uma mudança já eminente. “Antes, muitas empresas não tinham ferramentas on-line, hoje elas são básicas e obrigatórias para os processos e gerenciamento dos negócios.”
A aceleração digital, cada vez mais incorporada nas empresas, também levanta outros questionamentos preocupantes, segundo o vice-presidente da ACIST-SL, Cleomar Prunzel. “Há uma grande necessidade de retreinar as habilidades comportamentais ou transversais e a indústria precisa se preparar e ter soluções para essas demandas de transformações rápidas.” Esse é um dos desafios que se soma à própria educação, que deve incentivar o desenvolvimento de capacidades, como a ênfase ao ‘aprender a aprender’, incentivo ao pensamento crítico e à inovação e incentivo às tecnologias educacionais para construção do conhecimento, como realidade aumentada, EPUBs, livros digitais, simuladores, ambientes 3D, laboratórios remotos, dentre outros.
Fabiana Metzler apontou que as escolas de Ensino Médio ligadas ao sistema SESI têm o objetivo de serem referência para os jovens visando o mundo do trabalho. Com uma proposta pedagógica que visa não somente a criação de tecnologias, mas o pensar digital, eles são estimulados a manipular os diferentes equipamentos, transitando por todas as ferramentas. Segundo ela, os alunos, desde o primeiro ano, são incitados a construir um protótipo que será apresentado em banca no último ano. “Um projeto chegou recebeu premiação nacional pela sua inovação”.
Os professores, altamente qualificados, também são postos à prova com as mudanças cada vez mais rápidas que acontecem no mundo digital e também experenciam o “não sei” para várias questões e, muitas vezes, pedem ajuda aos alunos. Em uma troca constante de conhecimento.
Rivka Majdenbaum, analista sênior do Departamento Regional do Sesi, aponta que o sistema foi buscar na Universidade de Stanford inspiração que se identificasse com o “Jeito SESI de fazer Educação” e construiu os FabLearn, laboratórios avançados de fabricação digital, idealizado pelo professor Paulo Blikstein. Neste ambiente de aprendizagem prática, desenvolvem-se as mais diversas disciplinas, como ciências, história, geografia, arte, teatro, dentre outras. Os alunos escolhem os projetos que desejam desenvolver utilizando todas as ferramentas e tecnologias disponibilizadas para a construção de robôs. Conduzem investigações científicas, cenários artísticos e reconhecem a tecnologia digital. “Focamos no desenvolvimento de competências, utilizando a prototipagem, aprendizagem criativa e abordagem hands-on e heads-on. Desejamos formar cidadãos para o mundo, com capacidade de liderança, empreendedorismo e qualificado para o mundo do trabalho e também para a excelência acadêmica”.
O presidente da ACIST-SL, Siegfried Koelln, reforça que a robótica não tem mais volta e que é preciso despertar nas pessoas o desejo de aprender a aprender, gerando o conhecimento necessário para a assumirem as vagas que estão em aberto em todo o país. “Infelizmente, uma parcela muito pequena de trabalhadores está investindo na área tecnológica”, lamenta.
Victor Gomes aponta ainda que São Leopoldo tem um oceano de oportunidades de conhecimento, citando a excelência, por exemplo do Instituto de Polímeros, que faz pesquisas na área do grafeno. Segundo ele, a cidade tem todos os meios para decolar na área da Tecnologia. Basta ver o Tecnosinos, Unisinos, as escolas técnicas, dentre outros. “A Educação agora é 5.0. É o aprimoramento de todas as formas de educação, trazendo ênfase na tecnologia e desmistificando que ela substitui os trabalhadores. Precisamos sempre de seres pensantes, com competências e habilidades sociais, somando ao conhecimento tecnológico.
O Momento do Empreendedor foi realizado com o patrocínio das empresas Sicredi, Stihl, SKA, Frontec, Sinodal, Vila Rica e Datwyler.
Foto: Maiara Fangueiro, Victor Gomes, Rivka Majdenbaum, Fabiana Metlzer, Bruno Trasatti, Siegfried Koelln e Cleomar Prunzel
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