A entidade solicitou audiência com o governo para esclarecer dúvidas e propor alterações nos editais para evitar perda de competitividade e abrir o diálogo no tema
A FEDERASUL está pedindo audiência com o governo gaúcho para esclarecer dúvidas antes que os editais do projeto de concessões de rodovias estaduais sejam publicados. O presidente da entidade, Anderson Trautman Cardoso, anunciou que vai solicitar a suspensão da publicação dos editais até que sejam esclarecidas e consensuadas as questões que as entidades empresariais vem propondo e que não têm retorno do governo. O anúncio foi feito nesta quarta (06) no Tá na Mesa que tratou das concessões com três representantes de entidades atingidas pelas rodovias estaduais que serão concedidas (Serra, Vale do Taquari e Região Metropolitana), além do poder legislativo, na figura dos deputados Tiago Simon e Fábio Ostermann.
Para um público ansioso e preocupado com a ausência de diálogo com o governo, na questão das concessões, o Tá na Mesa mostrou que há consenso de que os editais precisam de ajustes e que a sociedade não está sendo ouvida nas suas questões, já que o prazo de concessão das rodovias é de 30 anos. É preciso rever as questões e esclarecer as dúvidas para não correr o risco de onerar, ainda mais, na questão logística, os custos de produção. O presidente Anderson Trautman Cardoso que prometeu a atuação firme da FEDERASUL no Conselho de Usuários disse que a entidade apoia as concessões mas seu apoio não é irrestrito. “Alguns pontos precisam ser melhor debatidos e nós já externamos essa posição em outras oportunidades”, enfatizou.
O Rio Grande do Sul é o Estado que mais transporta em rodovias. Enquanto no Brasil o índice e de 65%, no RS chega a 88%, o que amplia o custo logístico que representa 21,5% do PIB gaúcho ou R$ 96 bilhões. A solução, no entanto, está na concessão de rodovias, afirmou o presidente da FEDERASUL.
O vice-presidente da FEDERASUL e presidente da Associação das Entidades Representativas de Classe Empresarial Gaúcha (CICS Serra) Elton Gialdi defendeu a retirada do edital pelo governo a fim de promover os ajustes necessários. “Existem obras viárias como viadutos e pistas laterais que precisam ser realizadas e não estão previstas no plano de investimentos”, explicou, ao acrescentar que o modelo escolhido pelo governo além de encarecer o uso das rodovias é estéril, raso e desconhece a realidade dos municípios”.
Para o diretor regional da FEDERASUL e vice-presidente da Associação Comercial de Cachoeirinha, Darcy Zottis, o projeto do governo “é um plano de negócios buscando atrair investidores, desconsiderando totalmente as necessidades das comunidades onde estão localizadas”. Ele prevê como resultado das concessões um grave impacto social e econômico que aumentará o desemprego especialmente em Alvorada e Viamão, cidades entre as mais pobres do Estado.
Em sua manifestação, o presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) do Vale do Taquari, Ivandro Carlos Rosa, considera desfavorável a forma como as concessões estão previstas. Destacou o alto custo que os pedágios vão alcançar com a modelagem escolhida pelo governo. “Precisamos de custos condizentes, que não penalizem a economia da região”, acrescentou. Além disso lembrou que o projeto deve ser pensado para atender as necessidades da população nos próximos 30 anos.
O deputado Fábio Ostermann defendeu a concessão de estradas a fim de melhorar as condições de trafegabilidade para a população, desde que seja implantado através de um modelo viável para toda a sociedade. O parlamentar prevê um cenário pessimista em relação a aberturas das propostas diante da maneira equivocada que o processo foi conduzido pelo governo. “Minha sugestão é que esse tema deve ser tratado pelo próximo governo e que nenhuma decisão seja tomada precipitadamente”, argumentou.
O deputado Tiago Simon se mostrou preocupado com a falta de respostas do governo aos apelos que vem sendo feitos para que reveja os editais de concessão. Na avaliação do parlamentar “as concessões terão consequências nefastas da forma como estão previstas”. Ele acrescentou ainda que durante as audiências públicas realizadas pelo governo não houve disposição para o diálogo com a sociedade. “São inadmissíveis os gastos que temos hoje para transportar nossa produção, precisamos construir parcerias que possam promover o desenvolvimento do Estado”, finalizou Simon.
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