Os 150 anos da imigração italiana foram celebrados no Tá na Mesa desta quarta-feira. Na reunião-almoço da FEDERASUL, o presidente da entidade, Rodrigo Sousa Costa, recebeu o embaixador da Itália no Brasil, Alessandro Cortese, e o cônsul-geral da Itália no Rio Grande do Sul, Valerio Caruso.
“Hoje atestamos a união entre gaúchos e italianos. Queremos construir, a partir deste momento, um novo futuro para povos irmãos. E que sirvam as nossas façanhas de modelo a toda a Terra”, declarou Costa, parafraseando o hino rio-grandense.
O presidente da FEDERASUL destacou a relevância da imigração italiana como um exemplo bem-sucedido de integração. Segundo ele, os italianos deixaram uma marca profunda na cultura, economia, artes e até na estética das cidades gaúchas. Durante sua fala, Costa leu um trecho de uma carta de Giuseppe Garibaldi, na qual o revolucionário italiano expressa sua admiração pelo povo gaúcho. A carta, datada de 1859 e endereçada a Domingos José de Almeida, ressalta a bravura, hospitalidade e espírito guerreiro dos habitantes do sul do Brasil.

“Eu vi corpos de tropas mais numerosas, batalhas mais disputadas, mas nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, nem cavaleiros mais brilhantes que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras aprendi a desprezar o perigo e a combater dignamente pela causa sagrada das nações”, diz o trecho lido por Costa.
Sobre o novo decreto que poderá alterar as regras para o reconhecimento da cidadania italiana — previsto para ser votado nas próximas semanas — o embaixador Alessandro Cortese defende uma discussão aprofundada no parlamento. Ele observou que a Itália era o único país a conceder cidadania de forma tão acessível, o que acabou sobrecarregando os tribunais com ações judiciais para acelerar os processos.

Cortese também comentou sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Apesar do processo ser lento, ele acredita na concretização do tratado, destacando a presença de comunidades italianas em todos os países do bloco sul-americano. Ele considera que um acordo será extremamente vantajoso para a Itália e para o Brasil. E observou o crescimento de 10% das relações comerciais entre os dois países.
Em sua fala, o cônsul Valerio Caruso, que assumiu o posto em 2022, afirmou que a chegada dos imigrantes italianos transformou a realidade do Rio Grande do Sul. “Nosso desafio agora é continuar a construir pontes, para que possamos, de fato, projetar os próximos 150 anos”, disse.
Caruso destacou a forte ligação do embaixador Cortese com o Rio Grande do Sul, ressaltando que, de tanto visitar o Estado e apoiar sua população — especialmente durante a maior enchente da história gaúcha —, o diplomata já pode ser considerado um verdadeiro gaúcho.

Também elogiou a qualidade dos vinhos gaúchos, destacando que espumantes do Estado foram premiados na feira Vinitaly 2024, em Verona. “Precisamos fomentar e estreitar ainda mais essa relação. É importante colocar o Rio Grande do Sul no mapa das empresas italianas, mostrando que aqui há um ambiente propício para investimentos e negócios”, completou.
O cônsul ressaltou ainda avanços no atendimento aos descendentes de italianos. Segundo ele, durante sua gestão, o tempo de espera para reconhecimento da cidadania italiana foi reduzido significativamente. Em 2022, havia cerca de 60 mil pessoas na fila, com previsão de espera de até 15 anos. Hoje, o prazo caiu para cerca de seis a sete anos, com mais de 14 mil passaportes emitidos em apenas um ano.

Caruso também mencionou os esforços para viabilizar voos diretos entre o Rio Grande do Sul e a Itália. “Não podemos permitir que uma única companhia aérea mantenha o monopólio, fazendo com que os consumidores gaúchos paguem até 50% a mais pelas passagens em comparação com passageiros de outros estados. É natural e necessário que haja voos diretos de Porto Alegre para Roma”, defendeu.
No final do encontro, o deputado Guilherme Pasin, presidente da Frente Parlamentar Brasil/Itália, recebeu a condecoração Ordem de Estrela da Itália concedida pelo governo italiano.