Dizer, fazer, cobrar e resolver. O candidato que soube conjugar esses verbos conquistou os votos necessários no último domingo de eleições. O recado aos políticos expresso nas urnas, segundo a cientista social e política Elis Radmann, é de que o eleitor depositou a confiança do voto naqueles que despontaram como líderes e não mais como políticos com histórico e carreira partidária. No “Tá na Mesa” da Federasul, desta quarta-feira (05), ela projetou uma provável queda nos surpreendentes índices de abstenção, brancos e nulos para o segundo turno das eleições e destacou que 38% da população demonstra maior confiança nos empresários do que nos três poderes constituídos. “O eleitor está muito descrente. A cada 10 portas que batemos ouvimos o mesmo – assim como está, não pode ficar”, alertou a diretora do Instituto de Pesquisas de Opinião (IPO).
As escolhas também estão alicerçadas pela queda da satisfação do eleitor que não esconde mais a preocupação com a economia, insegurança e o olhar atento para a crise política que avança pelo Brasil. “Observamos nos resultados que 95% das pessoas não querem mais saber de partidos políticos”, explicou ela ao dizer que as definições estão pautadas em uma pesquisa sobre quem é o candidato, o que ele fez e o que vai fazer.
A combinação entre qualidade de gestão, prestação de serviços e boa comunicação garantiu o sucesso dos candidatos que renovaram os seus mandatos por mais quatro anos ou elegeram os projetos de seus sucessores. “Os indicadores mostraram que as cidades com melhor gestão tiveram os menores índices de abstenção”, completou a cientista social e política.
Para a diretora do Instituto de Pesquisas de Opinião, que monitora há 20 anos o comportamento dos eleitores em todas as regiões do Estado, a solução para a “bagunça” assistida no último domingo está na integração e busca de um mesmo propósito, de uma bandeira. “Está na hora dos partidos reconstruírem as suas cartilhas, caso contrário, continuaremos caminhando para um abismo”, sentenciou Elis.
A expectativa é de que para o segundo turno as campanhas motivem mais os eleitores que ganharam a característica “multitela”. Com mais espaço para crítica em função do uso das tecnologias e redes sociais, os eleitores devem se juntar a um dos dois projetos e reduzir as abstenções, brancos e nulos. “No primeiro turno as pesquisas apontavam que o índice seria grande em função das pessoas não se identificarem com nenhuma proposta apresentada”, concluiu.
Confira aqui a apresentação completa da palestrante Elis Radmann no ta na mesa do dia 05/10/2016.