Já as importações de calçados seguem caindo. Em abril foram importados cerca de 3 milhões de pares pelos quais foram pagos US$ 38 milhões, 32,2% menos do que em março e 4,3% menos do que no mesmo mês de 2014. No acumulado, a importação de 14,27 milhões de pares por US$ 194,4 milhões, aponta uma queda de 7,7% em relação ao mesmo ínterim de 2014. As principais origens foram Vietnã (US$ 105 milhões, queda de 16,2% com relação a igual período do ano passado), Indonésia (US$ 44,5 milhões, aumento de 18,5%), China (US$ 23,57 milhões, queda de 4,7%) e Camboja (US$ 6,3 milhões, incremento de 77,3%).
Competitividade
O presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, destaca que o quadro negativo das exportações é preocupante e reflete a perda de competitividade da indústria brasileira num período em que o dólar mais valorizado poderia dar um fôlego maior às exportações. “A menor alíquota de restituição do Reintegra e a sinalização de ajustes fiscais de forte impacto negativo no setor industrial já mostram seus primeiros efeitos com os resultados de abril”, lamenta Klein. Segundo ele, o incremento esperado para as exportações passa a ser ameaçado com as medidas do Governo Federal, o aumento dos níveis de inflação, dos custos com energia elétrica, entre outros gargalos do conhecido “Custo Brasil”. “Já temos um dos maiores custos produtivos do mundo e agora, em meio à recessão, é proposto um ajuste que, ao invés de desonerar a indústria, a onera para que pague a conta de desmandos com o dinheiro público. Não é somente a indústria que vai pagar a conta, é toda a sociedade brasileira”, avalia o executivo, ressaltando a perda de 24 mil postos nos primeiros três meses do ano em relação ao mesmo trimestre de 2014.
EUA: a surpresa positiva
A notícia positiva do mês de abril é a retomada dos embarques de produtos com maior valor agregado para os Estados Unidos. O principal comprador do calçado brasileiro importou, no mês quatro, 586,2 mil pares por US$ 14,37 milhões, um aumento de 3,2% com relação ao mesmo mês do ano passado. O preço médio do produto vendido cresceu quase 80%, passando de US$ 13,63 para US$ 24,51 por par. Nos quatro primeiros meses, os norte-americanos compraram 3,75 milhões de pares pelos quais pagaram US$ 55,9 milhões, 3,3% menos do que no mesmo período de 2014.
A França segue sendo o segundo principal destino do produto brasileiro no quadrimestre. No período, os franceses importaram 4,23 milhões de pares por US$ 18,7 milhões, queda de 13,7% no comparativo com igual período do ano passado. A Argentina vem na sequência com a importação de pouco mais de 1 milhão de pares por US$ 16,9 milhões, queda de 15,3% na relação com o primeiro quadrimestre de 2014. “Mesmo com uma breve recuperação no mês de março, provocada especialmente pela resolução da Organização Mundial do Comércio (OMC) para que o país vizinho retire as barreiras ilegais às importações, a Argentina demonstra que, definitivamente, está com os pés cravados na recessão interna”, avalia Klein. O quarto destino do produto brasileiro no quadrimestre foi a Bolívia, para onde foram embarcados mais de 2 milhões de pares que geraram US$ 15,5 milhões, 10,2% mais do que igual período do ano passado.
Estados
O Rio Grande do Sul segue sendo o principal exportador de calçados do Brasil. Nos quatro primeiros meses do ano, os gaúchos somaram US$ 112,66 milhões em divisas, 10,5% menos do que no período correspondente de 2014.
Com uma queda de 17% nas receitas geradas pelos embarques, o Ceará é o segundo colocado no ranking das exportações de calçados, tendo vendido ao exterior o equivalente a US$ 83,84 milhões nos quatro primeiros meses do ano.
São Paulo segue como o terceiro principal exportador de calçados. Entre janeiro e abril os paulistas geraram US$ 42,9 milhões com as vendas de calçados ao exterior, 18,6% menos do que no mesmo ínterim de 2014.
Fonte: Export News