Em encontro realizado na Federasul, empresárias gaúchas defenderam o protagonismo da mulher em todos os setores e níveis
Um painel formado apenas por mulheres e que são referência em seus setores de atuação. Foi assim o formato da reunião-almoço Tá na Mesa, da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (FEDERASUL). Sob o comando da presidente da Simone Leite, o encontro reuniu Aline Deparis, presidente da ASSESPRO/RS (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação/Regional RS); Giovana Stefani, presidente do IEE (Instituto de Estudos Empresariais) e Karim Miskulin, diretora da Revista Voto.
O encontro, que aconteceu no Salão Nobre do Palácio do Comércio, reuniu mais de uma centena de espectadores, em sua maioria formada por mulheres. Na plateia personalidades como a deputada estadual, Francine Bayer e a chefe da Polícia Civil-RS, Nadine Anflor. A primeira empreendedora a falar foi Aline, que trouxe números interessantes e que contribuem para o encorajamento e fomento do espírito empreendedor na mulheres. De acordo com ela, 43% das empresas brasileiras são comandadas pelo sexo feminino. Outro dado importante é que 43% das mulheres trabalham no setor de Recursos Humanos e 34% são responsáveis pela área financeira, exercendo o cargo de CFO.
Natural da cidade de Viadutos, no interior gaúcho, Deparis fez questão de dizer que “minha história não é nenhum drama ou roteiro de filme hollywoodiano e, com certeza, não entraria na Netflix”, declaração que tirou gargalhadas da plateia. “Não tive exemplo na família. Sou filha de agricultores e afirmo que empreender não é apenas sonhar, mas trata-se de ter propósito. Empreendedorismo acontece em qualquer lugar. Empreender é difícil. Empreender é, acima de tudo, paixão”, definiu Aline.
Ao contrário de Aline, a segunda panelista, Giovana Stefani, teve no seio da família o exemplo do empreendedorismo. Ela é neta do empresário canoense Henrique Stefani (1921-2012), fundador de uma das maiores empresas do ramo logístico do Brasil. Giovana integra a terceira geração no comando dos negócios. “Eu respirava empreendedorismo todos os dias. Meu avô encorajava seus funcionários a adquirirem caminhões e entrarem para o ramo da logística pensando em parceiros, não em empregados”, relatou emocionada.
Com uma característica quase que exclusiva, a cientista política e diretora da Revista Voto, Karim Miskulin, traduziu alguns momentos de sua experiência como empreendedora. Hoje a mulher que está à frente de uma das mais importantes publicações do RS, não teve papas na língua e contou “Vendia roupas e bijuterias com 14 anos de idade. Empreender é construir elo e que vão muito além do retorno financeiro. Empreender é trabalhar com o lado não-racional das coisas”, disse Karim, que defendeu, também, que a mulher busque o protagonismo desde cedo. “Nós não podemos restringir nossa influência aos muros de nossa casa. Somos influenciadoras natas. Tudo é possível quando se exercita o “músculo” da coragem”.
Para provocar o debate, Simone Leite trouxe para o centro das discussões um tema bem delicado e que acaba por desencorajar o espírito empreendedor, que é o sentimento de culpa. A presidente relatou alguns fatos, como deixar os filhos e a família de lado, e acabar por sacrificar o ambiente familiar. Karim foi a mais direta e sentenciou: “temos que carregar a culpa. O sucesso está muito ligado a quem está na nossa retaguarda. Aline foi pela linha da disciplina e que o empreendedor deve buscar sempre uma brecha ou criar um protocolo para atender as demandas da família. Giovana defendeu que a mulher precisa de um companheiro, de verdade, e que faça jus a esse título.