A crise também inibiu a compra de mais navios pela empresa, que hoje tem 12 unidades, mais de 50% da frota nacional, operando com frequência semanal em dias fixos de Manaus a Rio Grande. Segundo ele, 62% das operações da empresa é a pura cabotagem. O mais recente investimento da Aliança de R$ 1 bilhão agregou seis navios à sua frota.
Para 2016, a empresa espera ter crescimento de 3% sobre o desempenho deste ano, que ficará em torno de 425 mil TEUs (unidade correspondente a um contêiner de 20 pés) movimentados, correspondendo a perto de 48% dos volumes nacionais do sistema. De acordo com Batista, a movimentação de mercadorias em contêineres por cabotagem passou de 500 mil TEUs em 2010 para 900 mil no ano passado. A Aliança, no mesmo período, avançou de 245 mil TEUs para 425 mil. “Houve forte migração de outros modais, principalmente rodoviário, para a cabotagem”, explicou o gerente em encontro com empresário na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul.
Segundo o executivo, o modal marítimo como um todo responde atualmente por algo próximo a 18% do volume de mercadorias transportadas no Brasil. No mercado da cabotagem, onde atuam mais duas empresas, o grande desafio é ajustar os custos logísticos em terra para viabilizar incremento de demanda e interiorizar mais a atividade. Citou como um dos encaminhamentos no Rio Grande do Sul a retomada das atividades do Terminal de Santa Clara, em Triunfo, medida que pode gerar benefícios para a Serra gaúcha, que tem custo de logística estimado em 18% na composição dos custos de produção.
Batista destacou que a indústria de sucos e vinhos da Serra já explora de forma intensiva a cabotagem para envio de produtos para outras regiões, principalmente ao Nordeste. Também citou contrato firmado com dois grandes processadores de arroz localizados em Uruguaiana, que movimentam suas cargas por via férrea até Rio Grande e de lá, por cabotagem, para os centros consumidores. “Neste momento estamos esbarrando na capacidade do transporte férreo para aumentar os volumes embarcados. O excedente segue por via rodoviária”, assinalou.
Outra carência que interfere na atividade é a falta de contêineres com alta capacidade de carga, situação que precisa de urgente solução, segundo Batista. Também destacou como problema a falta de informações sobre as demandas do setor. “Estamos em permanente contato com a cadeia em busca de dados que permitam planejamento mais próximo à realidade”, expôs, acrescentando que o modelo logístico a ser adotado, ferroviário ou rodoviário, depende das particularidades de cada cliente.
Na avaliação de Batista, o Brasil tem vocação natural para a cabotagem em razão dos seus mais de 7,4 mil quilômetros de litoral e 80% da população vivendo a 200 quilômetros da costa. Com estes fatores, segundo ele, a cabotagem é a alternativa mais viável de transporte e parte fundamental da cadeia logística, oferecendo ganhos de produtividade, competitividade e segurança para as cargas transportadas, além de proporcionar vantagens socioambientais.
Fonte: Jornal do Comércio