O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), foi o convidado desta quarta-feira (11) do Tá na Mesa, evento promovido pela Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). Durante sua participação, Caiado fez duras críticas à política econômica do governo federal e anunciou que seu partido adotará uma posição firme contra qualquer novo aumento de tributos no país.
O encontro também foi marcado por reflexões sobre a tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul. O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, destacou os impactos das enchentes e exaltou a mobilização solidária que veio de todas as partes do Brasil. “Vimos uma energia e uma força que atravessaram o país, pessoas arriscando a própria vida para salvar desconhecidos. Essa solidariedade é o que nos move como nação”, afirmou.
Em gesto de agradecimento ao apoio vindo de Goiás, Costa entregou a Caiado uma miniatura da obra Heróis Voluntários — instalada na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre — como símbolo de reconhecimento aos voluntários que atuaram durante as enchentes de maio de 2024.

Costa também criticou a má gestão das ferrovias, a lentidão na logística e o mau uso dos recursos públicos federais, apontando que o Rio Grande do Sul sofre hoje com uma dívida crescente agravada pelos altos juros. Ele alertou para a vulnerabilidade da economia gaúcha diante das mudanças climáticas, lembrando que a produtividade agrícola é fundamental para o Estado, mas pode ser fortemente afetada por secas ou enchentes.
“Fizemos o dever de casa, equilibramos as contas após anos de caos. Agora, somos reféns da inconsequência dos gastos federais. Quanto pior o gasto, mais crescem os juros e, com eles, a dívida”, afirmou.

O presidente da Federasul encerrou sua fala com um apelo por união nacional e reconhecimento do papel estratégico do Rio Grande do Sul para a economia do país. Reforçou a necessidade de reformas estruturais e de ações consistentes para garantir um futuro mais seguro e sustentável ao Estado. “O Rio Grande do Sul precisa se reerguer com dignidade”, declarou.
Responsabilidade fiscal
Ao lado de empresários, lideranças políticas e representantes da sociedade civil, Ronaldo Caiado reforçou que o cenário fiscal brasileiro é “preocupante”, com os cidadãos sofrendo os efeitos de uma carga tributária crescente e da inflação, especialmente sobre itens da cesta básica.
“A irresponsabilidade fiscal do governo central tem pressionado o bolso do cidadão. Já são 25 aumentos de carga tributária em dois anos e meio. Isso é inaceitável”, criticou.
O governador anunciou que o União Brasil realizará ainda nesta quarta-feira um ato no Salão Verde do Congresso Nacional para declarar publicamente que a legenda não apoiará novas medidas que envolvam aumento de impostos. Segundo ele, a bancada do partido — com 109 deputados e 14 senadores — já fechou questão sobre o tema.
Caiado também compartilhou sua trajetória política e defendeu que estados e municípios devem manter responsabilidade fiscal, sem que o governo federal transfira suas obrigações aos entes federativos. Durante o evento, o governador reafirmou sua pré-candidatura à presidência da República em 2026 e defendeu a pluralidade de candidaturas no primeiro turno como parte natural da democracia. “Cada um vai fazer sua campanha, se tornar mais conhecido. Lá na frente, decidiremos juntos”, afirmou.
Ele reconheceu que ainda é pouco conhecido nacionalmente — segundo ele, 76% da população não o conhece — mas destacou que sua avaliação é positiva entre aqueles que o conhecem. Caiado acredita que o primeiro turno deve refletir a diversidade da direita, e que a união virá no segundo turno, com o objetivo de derrotar o PT, partido que considera enfraquecido e com alta rejeição popular.
“O atual governo está falido em termos de governabilidade, com 57% de rejeição. A vitória da centro-direita virá da soma das forças regionais e da mobilização popular”, disse.
Reformas estruturais
Caiado também alertou para a perda de protagonismo do Brasil em fóruns internacionais e defendeu reformas estruturais em áreas como educação, segurança pública, inovação e responsabilidade fiscal.

“Um presidente precisa governar com atenção às angústias do povo, e hoje o que mais inquieta a população é o alto custo de vida, a insegurança e o peso dos impostos. Além disso, o Brasil está perdendo espaço no G20, no BRICS e nas inovações tecnológicas”, completou.
O governador de Goiás também criticou a estagnação do país em áreas estratégicas, como educação, ciência e inteligência artificial, e advertiu que o Brasil corre o risco de perder protagonismo até mesmo dentro do bloco dos BRICS, sendo ultrapassado por países como a África do Sul.
Reconhecimentos
Durante o Tá na Mesa desta quarta-feira (11), a Federasul prestou homenagens a três importantes entidades empresariais do Rio Grande do Sul, em reconhecimento às suas trajetórias e contribuições para o desenvolvimento do empreendedorismo e da comunidade empresarial.
Foram homenageadas: a Associação Comercial e Industrial de Catuípe (ACIC), que celebrou seus 50 anos de fundação; a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canela (CIC Canela), pelo seus 80 anos; e os 85 anos da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas (CICS Canoas.


