Autoridades portuária e marítima, além da Praticagem da Barra, falaram dos desafios enfrentados durante e depois da calamidade
O segundo painel do 2º Congresso Estadual de Infraestrutura, promovido pela FEDERASUL, foi dedicado ao tema “Assoreamento pós-enchente”, destacando os desafios enfrentados pelos portos e hidrovias gaúchas após as recentes catástrofes naturais. Palestraram o presidente da Portos RS, Cristiano Pinto Klinger, o encarregado do Serviço de Sinalização Náutica do Sul, Capitão de Corveta Mário da Silva Santos Neto, e do diretor da Praticagem da Barra de Rio Grande, Guido Cajaty. A mediação foi do vice-presidente de Integração da FEDERASUL, Antonio Carlos Bacchieri.
Klinger abriu o painel abordando os problemas enfrentados antes, durante e depois das enchentes, ressaltando a necessidade de ação imediata para resolução dos desafios que a calamidade impôs aos portos. “Temos que olhar para o que aconteceu e ir para a ação”, afirmou. O presidente da Portos RS também destacou que a empresa já vinha realizando dragagens continuadas antes das cheias, mas a situação se agravou.
Perdas
Segundo Klinger, as dragagens de manutenção, essenciais para garantir a navegabilidade, estão sendo intensificadas, mas os danos são substanciais. A perda de receita durante o período das enchentes é estimada entre R$ 750 mil e R$ 900 mil por mês.
Ele também mencionou que o calado no Porto de Rio Grande foi reduzido devido às cheias, comprometendo as condições plenas de navegação. Para Klinger, o futuro do estado depende da capacidade de fazer os investimentos necessários para que o Porto de Rio Grande continue competitivo, especialmente diante de projetos o da CMPC, que exige infraestrutura portuária robusta e adequada para atender à demanda de transporte de celulose, cheguem ao RS.
Marinha
O Capitão de Corveta Mário da Silva Santos Neto, encarregado do Serviço de Sinalização Náutica do Sul, apresentou a atuação da Marinha durante as enchentes, com destaque para a missão do navio Vital de Oliveira, a embarcação mais moderna da América Latina.
“Durante uma catástrofe como foi a que vivenciamos, existe uma série de práticas para mitigar o risco de acidente marítimo”, explicou. Ele descreveu o trabalho da Marinha na inspeção de perigos à navegação, principalmente na Lagoa dos Patos, além da reinstalação de equipamentos de sinalização que foram afetados pelas águas.
“O porto não pode parar”
O painel também contou com a participação do diretor da Praticagem da Barra de Rio Grande, Guido Cajaty, que destacou os desafios diários enfrentados pelos práticos, responsáveis por conduzir os navios na entrada e saída dos portos e evitar acidentes. Cajaty apresentou vídeos mostrando a realidade da operação, especialmente durante as enchentes e salientou a necessidade contínua de avanço nas estruturas portuárias.
“Esses investimentos são sempre necessários porque os navios não param de crescer”, destacou ele, ao defender a importância de infraestrutura adequada para permitir o aumento de cargas transportadas e que os navios maiores possam manobrar sem riscos.
Ele lembrou que, mesmo em situações extremas, como durante a pandemia e as enchentes, os trabalhos portuários, como o dos práticos, são essenciais: “O porto não pode parar”. Cajaty ainda ressaltou a necessidade de monitoramento constante das condições marítimas e a integração das autoridades portuárias para garantir a segurança e a continuidade das operações.