Reunião-almoço também contou com a entrega do 12º Prêmio Vencedores do Agronegócio e do 8º Elas no Agro
A Casa Farsul foi palco da tradicional reunião-almoço Tá na Mesa, promovida pela FEDERASUL, em edição especial na Expointer, nesta quarta (28), em Esteio. O evento contou com a participação do economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, que abordou temas cruciais para o agronegócio gaúcho, especialmente em relação ao acesso a crédito após as enchentes, e com a entrega do 12º Prêmio Vencedores do Agronegócio e do 8º Elas no Agro, que homenageou iniciativas de destaque no setor.
O presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, abriu o evento agradecendo a hospitalidade da Farsul e do seu presidente, Gedeão Pereira. Costa destacou a importância de reconhecer tanto as conquistas como a resiliência do empreendedorismo no Rio Grande do Sul. “O agronegócio gaúcho sustenta a segurança alimentar do Brasil, e isso só é possível graças à diversidade das nossas cadeias produtivas”, afirmou. Ele ainda enfatizou o merecimento das iniciativas agraciadas com os prêmios, principalmente no pós-enchentes.
Crédito
Em sua palestra, Antônio da Luz focou nas necessidades de crédito para a reconstrução das áreas afetadas pelas enchentes, destacando que, apesar dos anúncios governamentais de grandes volumes de recursos, a maior parte desses valores vem de bancos e cooperativas, e não diretamente do governo. “O governo anuncia milhões, mas as pessoas ficam com a impressão errada de que esses recursos são fornecidos pelo governo”, observou o economista, que apresentou números que ilustraram seu argumento.
Além disso, da Luz explicou que os efeitos das enchentes, que já são graves, ainda são maximizados pelas duas estiagens que ocorreram anteriormente à catástrofe, com perdas totais maiores.
Luz também ressaltou que a mobilização das entidades empresariais, desde maio, foi “única em prol do estado”, com cada federação apoiando o pleito da outra. Segundo ele, cuidar das empresas é fundamental para garantir os empregos e, por consequência, a recuperação econômica do estado. “A reconstrução não acontecerá se as pessoas perderem seus empregos. Cuidar das empresas é cuidar dos empregos”, afirmou.
Recursos insuficientes
Outro ponto levantado por Antônio da Luz foi a necessidade de um controle financeiro mais rigoroso por parte do governo. Ele alertou que, se as finanças não forem equilibradas, a conta acabará sendo paga pelas pessoas físicas e jurídicas do estado. “São as pessoas que estamos tentando ajudar”, explicou da Luz.
O economista também criticou as medidas provisórias e decretos atuais, apontando que o prazo de implementação é muito elástico e as instâncias desnecessárias, o que torna o processo de acesso ao crédito insuficiente e burocrático para as necessidades do setor. Ele defendeu um parcelamento de 10 anos, incluindo recursos livres, para que tanto produtores familiares quanto outros agricultores tenham acesso ao financiamento necessário para a recuperação.
“O produtor recebe um desconto de R$ 5 mil para realizar investimentos, mas uma colheitadeira custa R$ 2 milhões”, alegou o economista. “É insuficiente”.
Desafios
Durante o evento, o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, expressou seu agradecimento pela presença da FEDERASUL na Expointer, destacando a importância da colaboração entre as entidades para fortalecer o agronegócio gaúcho. Ele mencionou que a entidade do agro se reunirá com o Ministério da Agricultura e Pecuária para discutir novos anúncios e medidas de apoio ao setor gaúcho, reconhecendo que “a trajetória tem sido difícil, mas necessária para superar os desafios atuais”.
Pereira também enfatizou “a dificuldade do governo em compreender a importância do socorro ao agronegócio”, ressaltando que os recursos destinados ao setor não devem ser vistos como “gasto público, mas sim como um investimento”. Ele reforçou que apoiar o agronegócio é fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país, especialmente em tempos de crise.
Reconhecimento ao agronegócio
Após a palestra, a FEDERASUL realizou a entrega dos prêmios Vencedores do Agronegócio e Elas no Agro, celebrando iniciativas que têm impactado positivamente o setor.
Categoria Antes da Porteira: A Reinigend Tecnologia e Higienização, de Teutônia, foi premiada pelo desenvolvimento do BETT SEC 600, um secante para camas pecuárias que utiliza nanotecnologia, reduzindo custos e proporcionando benefícios ambientais.
Categoria Dentro da Porteira: A Vinícola Cainelli, de Bento Gonçalves, recebeu o prêmio por seu projeto de enoturismo, que vai além da venda de vinhos ao oferecer experiências culturais e históricas aos visitantes.
Categoria Depois da Porteira: O Programa Municipal de Apoio à Agroindústria Familiar “Gramado Colônia”, da Prefeitura de Gramado, foi reconhecido por seu suporte às agroindústrias familiares, incentivando a permanência dos jovens no meio rural.
Categoria ESG: A Agropecuária Zambiasi, de Coqueiros do Sul, foi premiada pelo plano de continuidade familiar que dobrou a produção de leite da propriedade desde 2017.
Prêmio Elas no Agro: A THE Intenso Laticínios, de Soledade, se destacou pela inovação e resiliência em transformar sua produção leiteira durante adversidades, como a greve dos caminhoneiros em 2018.
Comissão julgadora
A comissão julgadora do Prêmio Vencedores do Agronegócio 2024 foi composta por especialistas de diversas áreas do setor agropecuário, que avaliaram tecnicamente os inscritos, considerando critérios de inovação, sustentabilidade e impacto econômico. A coordenação foi do vice-presidente de integração, Rafael Goelzer. Confira os nomes:
- Paulo Roberto – Assessor Especial, Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação
- Fábio Avancini Rodrigues – Vice-Presidente, Farsul
- Rodrigo Ramos Rizzo – Senar
- Clarice Vaz Emmel – EMATER/RS-ASCAR
- Aline Balbinoto – Coordenadora do Setor de Agro, Sebrae
- Luiz Otávio Amaro Silveira – Auditor Fiscal Federal Agropecuário, Ministério da Agricultura e Abastecimento
- Décio Gazzon – Pesquisador da Embrapa e Membro do Conselho Agrossustentável
- Felipe Valerio Amororin – Coordenador de Planejamento e Estratégia de Agronegócio, SICOOB Central SC
- Fernanda Maia – Gerente Operacional Adjunta, BRDE