ACIST-SL apresenta a radiografia do emprego em São Leopoldo

Boletim Socioeconômico Trimestral aponta redução da massa salarial

 

O Nível de Atividade de São Leopoldo cresceu apenas 0,6% no primeiro trimestre deste ano, frente ao mesmo período de 2022. O índice, apresentado nesta sexta-feira, 26, pela ACIST-SL, integra o conteúdo da 20ª edição do Boletim Socioeconômico Trimestral realizado pela entidade em parceria com o Núcleo de Excelência Competitividade e Economia Internacional da Unisinos e lança um sinal de alerta sobre o perfil das contratações dos setores produtivos. Os dados foram apresentados pelo economista Marcos Lélis, coordenador do Núcleo e debatidos por Felipe Feldmann, presidente da ACIST-SL, Solon Stapassola Sthal, diretor executivo da Sicredi Pioneira e Juliano Maciel, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Tecnológico.

O evento contou também com a participação de associados, imprensa e autoridades como Rodrigo Weissheimer, presidente do Sinduscon; Valmir Pizzutti, diretor executivo do Sindimetal; Rogério Daniel da Silva, presidente do Consepro; e Ingrid Marxen, diretora de Relações Institucionais do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo.

Marcos Lélis ressaltou que esta edição, cujo bloco temático é o Desenvolvimento Econômico, traz como novidade o recorte dos empregos por ocupação, contribuindo na análise do desempenho dos diversos agentes produtivos. “A queda nas exportações foi a grande responsável pelo fraco desempenho do Nível de Atividade e como a Indústria é a responsável pelos embarques internacionais, há um efeito direto sobre as contratações do setor e a média salarial”, ressalta. No primeiro trimestre de 2023, os embarques geraram divisas na ordem de US$ 118,4 milhões, 20% a menos em comparação ao mesmo período de 2022.

Empregos – O estoque de empregos formais (com carteira assinada) apontado pelo Boletim foi de 53.699 pessoas empregadas. O setor da Indústria correspondeu a 38,8% do total destes empregos, o que significa um estoque de 20.846 trabalhadores com carteira assinada. Na comparação entre janeiro a março de 2023 frente ao mesmo período do ano passado, o segmento que mais demitiu foi o de Fabricação de equipamento bélico pesado, armas de fogo e munições, resultando num saldo negativo de 253 vagas de emprego.

Dentre os dez setores que mais contrataram em São Leopoldo no 1º trimestre de 2023, estão o de tecnologia da Informação, resultando num saldo positivo de 284 novas vagas. Com isto, o estoque de empregos ficou em 3.902 pessoas formalmente empregadas. Em segundo lugar, está o setor  de Restaurantes e outros serviços de alimentação e bebidas, que foi responsável pela geração de 188 vagas de emprego. A atividade empregou 1.281 pessoas. O terceiro setor que mais empregou foi o de artigos para borracha, com saldo de 180 vagas, mas ficou na segunda coloção no estoque de empregos, com 1.993 contratações formais.

O diretor executivo do Sindimental, Valmir Pizzutti, aponta que a Indústria não tem expectativa de crescimento para este ano. Segundo ele, muitas empresas do setor estão liberando funcionários por meio de férias. “É preciso medidas urgentes quanto à taxa de juros para a retomada da produção e evitar demissões”.

A Construção Civil, setor importante para a economia da cidade, ficou com um saldo negativo de 57 vagas no trimestre analisado, com um estoque de empregos formais de 767 pessoas. Conforme os dados do Boletim. Este setor vem registrando quedas sucessivas desde 2021. Naquele ano, o estoque era de 2.757 pessoas formalmente empregas. Já em 2022, caiu para 824 pessoas. Este desempenho é reflexo, segundo Solon Stapassola, da alta taxa de juros, que torna muito caro o crédito imobiliário. “Uma taxa de 13,75% não estimula a classe média a investir. Esperamos que, por mais técnicas que sejam as decisões, o Banco Central comece a operar alguma mudança, mesmo que gradativa”. A mesma opinião tem Rodrigo Weissheimer, presidente do Sindicato da Construção Civil. “Juros são muito prejudiciais para o setor porque a aquisição de imóveis é feita via financiamento bancário ou por consórcios e este crédito está muito elevado. Acredito que o Banco Central deve reduzir a taxa, mas não há previsão de quando isto irá ocorrer. Pegamos o pior cenário e atualmente estamos andando de lado”, lamenta.

 

Crédito local – Para apoiar a economia local, Juliano Maciel apontou que o município disponibiliza o São Léo + Crédito, um programa que tem um fundo garantidor de R$ 7 milhões para micro e pequenos negócios, que têm uma taxa de 1,56%. Os valores a serem tomados podem ser de R$ 10 mil, R$ 30 mil a R$ 80 mil.

 

Salários em queda

Outra informação de extrema relevância apontada pelo Boletim é o valor do salário médio real dos admitidos e desligados. Somando a média do CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), a taxa de crescimento salarial das pessoas admitidas em São Leopoldo foi de 0,6% negativa comparando o primeiro trimestre de 2022 com o mesmo período de 2023. Se em 2021 a média salarial foi de R$ 2.069; em 2022 passou a ser de R$ 1.988,00, chegando, em 2023, a R$ 1.975,00.

No sentido inverso, a média salarial dos desligados contabilizou uma taxa de crescimento de 5,0%. De R$1.943 em 2021, R$ 2.177,00 em 2022, chegou a R$ 2.285 no primeiro trimestre de 2023.  “É um sinal de alerta, uma vez que este dado mostra que o poder de compra está reduzindo por parte de quem está no mercado de trabalho e terá forte reflexo mais para frente, seja para o consumo seja para investimentos”, salienta Marcos Lélis.

Juliano Maciel, titular da SEDETTEC, ponderou que os dados locais são semelhantes aos que ocorrem em nível global, principalmente devido aos conflitos na Europa, China e Taiwan e que podem ser revertidos como oportunidade para o Brasil e para São Leopoldo. Ele exemplifica com a queda da produção de chips, que pode ser redirecionada para o Parque Tecnológico de São Leopoldo. “Porém, precisamos tornar nossos preços competitivos e investir na ampliação da produção”, aponta.

 Distritos Industriais – Quanto ao aumento da produção, o presidente da ACIST-SL, Felipe Feldmann, apontou a dificuldade de atração de novas empresas devido à escassez de espaço para instalação, ao mesmo tempo em que o único local ainda disponível para abrigar novas instalações vem sofrendo invasões. Segundo Juliano Maciel, o município irá conversar com o Governo do Estado, proprietário do terreno. “Nossa intenção é que a área seja do município para que possamos realocar as pessoas e liberar para o setor produtivo”.

A elaboração da 20ª edição do Boletim Socioeconômico Trimestral da ACIST-SL foi viabilizada com o patrocínio da Sicredi Pioneira e Frontec e apoio do Sebrae.

 

Elizabeth Renz
Assessoria de Imprensa ACIST-SL

PUBLICADO EM: 26 de maio de 2023