A revolução silenciosa avança no Brasil

Ao falar sobre o tema, no Tá na Mesa, o filósofo Fernando Schüler disse que “somos ainda uma sociedade passiva que vai empurrando com a barriga”

Minorias organizadas em sociedades difusas resultam em grandes problemas de difícil solução coletiva, pois poucos comandam o jogo. Um Estado deve ser protegido da política com regras claras. Este foi o raciocínio mostrado, nesta quarta (29), por Fernando Schüler, cientista político, professor do Insper, doutor em filosofia e curador do projeto Fronteiras do Pensamento no Tá na Mesa da FEDERASUL, onde falou sobre “A Revolução Silenciosa – Caminhos para modernização do Estado e da sociedade no Brasil”.

O presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, explicou, ao  saudar o palestrante, que Fernando Schüler traria reflexões importantes, colocando luz sobre as questões políticas do País que se encontra polarizado. Ele destacou o momento desafiador que faz crescer o papel da sociedade organizada ao trazer o debate para o campo das ideias e não sobrepujando.

         Fernando Schüler iniciou sua fala mostrando que as mudanças chegaram com o impacto da revolução tecnológica, que deu poder aos indivíduos e fez com que instituições tradicionais perdessem a curadoria. “É importante prestar atenção ao que está acontecendo ao nosso redor pois os avanços da tecnologia estão dando mais poder às pessoas, que estão ganhando voz e fazendo uso desse poder. Isso acontece ao mesmo tempo em que as notícias ruins se espalham com grande velocidade, impactando mais as pessoas, contaminando e fazendo crescer a depressão especialmente entre os jovens” acrescentou.

         De acordo com ele, cabe ao Estado regular, agenciar e garantir a segurança jurídica e institucional. O filósofo mostrou como a autorregulação melhorou a vida de todos e se tornou um facilitador (ex. o uber e as fintechs). O cientista político apontou como tendência, um Estado cada vez mais globalizado e interdependente, em que a confiança e a estabilidade, através de leis estáveis, orientam a tomada de decisão. Desta forma, os setores da economia se organizam fazendo crescer a participação da iniciativa privada na solução dos problemas nacionais.

No ano em que a Constituição Brasileira completa 35 anos, Fernando Schüler entende que silenciosamente o País está encontrando maneiras de encaminhar a solução de seus problemas estruturais.

Schüler concluiu sua palestra argumentando que somos uma sociedade muito desigual e que o Estado, que deveria trazer melhorias, traz mais desigualdade. Para ele, a educação é o caminho e é justamente onde a revolução silenciosa menos está acontecendo.

Orquestra Jovem

Na abertura do Tá na Mesa, Fernando Schüler foi surpreendido pela apresentação da Orquesrta Jovem do Rio Grande do Sul, que tocou a música Cânone em Ré Maior, de Johann Pachelbel, sob a regência do maestro Telmo Jaconi. Os 16 jovens também encerraram o evento com a sinfonia 25 de Mozart.

A Orquestra Jovem do Rio Grande do Sul – OJRS – foi criada em 2009, por iniciativa da Secretaria de Justiça e Desenvolvimento Social do RS, sob a liderança do então secretário Fernando Schüler. A orquestra proporciona formação musical de excelência para o atendimento de crianças e jovens de famílias de baixa renda e integrantes da rede escolar, dos 10 aos 24 anos. Sua missão é a transformação social através da música.

A orquestra conta hoje com 130 integrantes, crianças e jovens, organizados em três níveis: iniciantes, intermediários e avançados. Os participantes ingressam através de edital público e devem estar matriculados e frequentando a escola. Ao ingressarem na Orquestra, os jovens recebem o instrumento, uniforme e traje de apresentação, lanche, transporte e formação no instrumento escolhido.

 

PUBLICADO EM: 29 de março de 2023