O Brasil só superou as economias da Rússia e Ucrânia, que tiveram resultados negativos em 1,9% e 17,6% nos três primeiros meses do ano na comparação anual, respectivamente.
“A Ucrânia ainda sofre com os efeitos negativos da severa guerra vivida com a Rússia neste ano, esta última ainda contabiliza problemas como a queda do preço do barril de petróleo, forte desvalorização do rublo, elevada taxa de juros, fortes sanções ocidentais e conflitos políticos após a morte de Boris Nemtsov, importante líder de oposição ao governo de Vladimir Vladimirovitch Putin”, afirmou o economista-chefe da instituição, Alex Agostini.
Ele destaca ainda que a Grécia, que foi um dos países ícones da crise financeira global de 2008 e tenta se recuperar financeiramente com negociações de dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), já apresenta taxas de crescimento positivas há dois trimestres consecutivos. “Onde está a crise externa tanto utilizada pelo governo brasileiro para justificar o pífio crescimento, que agora se tornou em decréscimo?”, questiona. Nos primeiros três meses de 2015, a economia da Grécia também recuou 0,2% em relação ao quarto trimestre do ano passado.
A Austin Rating projeta para 2015 uma retração de 1,4% do PIB, com viés de piora. Se confirmada a expectativa, este ano terá o pior resultado desde 1990 (-4,35%). De acordo com Agostini, o setor industrial será o destaque negativo, “devendo amargar queda na produção e investimentos”.
Além disso, o PIB do setor de serviços também deve apresentar resultado negativo e anotando o pior desempenho desde 1990 (-0,8%), refletindo os efeitos colaterais da deterioração do mercado de trabalho.
Na visão do economista, “é claro e evidente que o principal motivo que tem feito o Brasil ainda derrapar nos rankings de avaliações econômicas como este do PIB trimestral, ou mesmo alguns de competitividade e produtividade, é a gestão equivocada da política econômica”.
“Tais resultados reforçam a tese de que houve profundos problemas na gestão da política econômica brasileira expansionista, com destaque para a atabalhoada política monetária de juros, que agora tenta correr atrás do prejuízo causado pela leniência com a inflação no passado”.
De acordo com Agostini, o desafio de colocar a casa em ordem será ainda maior em virtude da perda de confiança por parte dos consumidores, empresários e investidores, que inclusive respinga no aumento da desaprovação ao governo federal.
O economista reforçou a necessidade de nova orientação da política econômica com foco na ampliação das ações de âmbito interno e externo e, principalmente, objetivando os controles efetivos da taxa de inflação e gastos públicos, e o anúncio da nova equipe econômico resgata a esperança. “Caso contrário, o Brasil estará fadado ao crescimento pífio apresentado nos últimos anos e não construirá condições adequadas para uma verdadeira e consistente mudança na estrutura de renda nacional com efeitos sobre os indicadores sociais como educação, saúde e segurança, bem como nos indicadores econômicos, como a redução da taxa de juros básica e taxa de inflação para níveis civilizados que permitam os investimentos e consumo de longo prazo”.
Fonte: Estadão