IA revoluciona o Direito, mas exige uso crítico e visão humana

O alerta de especialistas foi dado no Meeting Jurídico da FEDERASUL nesta sexta (14)

Para qualificar o debate sobre o avanço da Inteligência Artificial na prática jurídica, o moderador do Meeting Jurídico da FEDERASUL, realizado nesta sexta-feira, 14, apresentou dados que demonstram a rápida incorporação da tecnologia no setor. Segundo levantamento citado por Pablo Berger, especialista em litígios corporativos, comerciais e financeiros complexos, 55% dos profissionais do Direito já utilizam ferramentas de IA, 78% relatam ganhos expressivos de produtividade e 30% dos contratos elaborados em serviços jurídicos são gerados por sistemas de IA. Berger destacou ainda que, apenas no último ano, o uso da tecnologia no segmento cresceu mais de 90%, consolidando um movimento “sem volta”.

Convidados pelo Departamento Jurídico da FEDERASUL, responsável pela organização do evento, os especialistas Gustavo Sudbrack, fundador da SLAP.law, e Roberto Xavier Lopes, fundador da Beto Lopes IA, aprofundaram as reflexões sobre a transformação digital do Direito.

Para Roberto Xavier Lopes, a adoção de IA é “transformadora” e já revoluciona a rotina dos escritórios ao alterar fluxos de trabalho e ampliar a capacidade de entrega. “A atuação profissional está ganhando eficiência e abrindo espaço para decisões mais qualificadas”, afirmou. Ele ponderou, porém, que a tecnologia deve ser vista como suporte, não substituta. “As ferramentas de IA não foram criadas para tirar o lugar do profissional, mas para aprimorar o trabalho e melhorar os resultados. Seguimos indispensáveis”, declarou.

Lopes ressaltou ainda que, embora a IA seja essencial para elevar a produtividade, a dimensão humana não pode ser descartada. “Se já não vivemos sem IA, também não podemos nos tornar reféns dela, terceirizando absolutamente tudo”, alertou.

Gustavo Sudbrack, por sua vez, observou que a Inteligência Artificial está cada vez mais integrada ao cotidiano, muitas vezes de forma imperceptível. Ele destacou que vivemos “a era da instantaneidade”, na qual um output gerado por IA surge em segundos, e descreveu o cenário atual como uma “guerra de eficiência” nos processos judiciais — com algoritmos atuando tanto em favor dos autores quanto dos réus. “O juiz utiliza sistemas de IA do próprio Judiciário, além de ferramentas genéricas, assim como seus assessores e estagiários”, detalhou.

Sudbrack afirmou que, até aqui, a inovação jurídica foi majoritariamente incremental, evoluindo de modo progressivo. No entanto, argumentou que a nova fase representa uma mudança de paradigma: “A IA está transformando radicalmente hábitos, criando soluções mais eficientes, acessíveis e relevantes. Trata-se de uma nova era.”