Cooperativismo cresce 14,22% em meio à crise

Da esquerda para a direita: o presidente do Sistema CNCOOP-OCB-SESCOOP Nacional,  Márcio Lopes de Freitas; o presidente da OCERGS-SESCOOP/RS, Vergílio Perius; a presidente da Federasul, Simone Leite; e o vice-presidente e coordenador de Marketing da Federasul, Alexandre Gadret.

Da esquerda para a direita: o presidente do Sistema CNCOOP-OCB-SESCOOP Nacional, Márcio Lopes de Freitas; o presidente da OCERGS-SESCOOP/RS, Vergílio Perius; a presidente da Federasul, Simone Leite; e o vice-presidente e coordenador de Marketing da Federasul, Alexandre Gadret.

 

A crise econômica passou longe do setor cooperativo gaúcho no ano passado. Números oficiais do setor que constam do documento Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2017 apontam para um crescimento de 14,22% no comparativo entre 2016 e 2015, com um faturamento de R$ 41,2 bilhões. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira durante o Tá na Mesa da Federasul que abordou “O Cenário do Cooperativismo” com os painelfistas Vergílio Perius (presidente da OCERGS-SESCOOP/RS) e Márcio Lopes de Freitas (presidente do Sistema CNCOOP-OCB-SESCOOP Nacional).

Os dirigentes são unânimes ao afirmar que o setor cresce nos momentos difíceis. “A crise, de certo modo, é um combustível para a união das pessoas”, afirma Perius. Em uma analogia às famílias, que se unem nos momentos de dificuldades, o presidente das cooperativas do RS ressalta que essas sociedades agem sempre como uma grande família. “Constatamos a melhora das sociedades cooperativas em momentos de crise do capital financeiro. As pessoas tentam se unir mais, decidem sobre pequenos investimentos. É a resposta à crise”, afirma.

Os números comprovam a tese de Perius. Nos últimos cinco anos, o setor registrou no Estado uma expansão de 76% em novos ingressos. “Não há no mundo organização que resiste às crises como as cooperativas”, destaca.

Quatro dos setores que mais movimentam a economia do Rio Grande do Sul se destacam nos indicadores de crescimento do cooperativismo: agropecuário (14,51%), de crédito (18,54%), saúde (9,88%) e infraestrutura (6,29%). Em termos de faturamento, o setor agropecuário lidera o ranking, com R$ 25,4 bilhões em 2016 (aumento de 34,6% em cinco anos). Foram investidos mais de R$ 2,5 bilhões nos últimos quatro anos nas cadeias de soja, milho, leite, arroz e trigo.

Nesse contexto de crescimento, as associações exercem importante papel econômico e social em suas comunidades, gerando tributos que, em 2016, representaram R$ 2,1 bilhões (crescimento de 17,8% em relação ao ano anterior). O volume de negócios movimentado representou 10,05% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.

Para o presidente do Sistema CNCOOP-OCB-SESCOOP Nacional, reside nesses números a explicação para o sucesso das organizações: “Recursos das cooperativas voltam para a comunidade e realimentam a roda do desenvolvimento local”. De acordo com Freitas, “elas conseguem resolver problemas sociais através de soluções econômicas. Estão presente nas comunidades, geram resultados nas comunidades em que estão presentes. Não pegam seu capital aqui e investem no exterior, nem vão para a Avenida Paulista fazer especulação financeira”, afirma.

O dirigente explica que esse processo acaba gerando um capital social que é confiança, hoje o grande “armazém” da cooperativa. “Muito mais do que leite, cereais ou recursos financeiros”, por exemplo, “o que a cooperativa acaba armazenando é a confiança das pessoas em resolver os seus próprios problemas. Isso nos cria uma capacidade de resiliência muito superior”, constata.

Atualmente, o RS contabiliza 420 cooperativas que abrigam 2,8 milhões de sócios, o segundo Estado no ranking nacional em termos de associados. Os números, segundo Freitas, se traduzem em mais investimento. “Se nosso principal capital é gente, pessoas, a melhor maneira de melhorar esse capital é investindo nos neurônios, em capacitação, formação. Todos os nossos centavos disponíveis são destinados à educação, à formação”, explica. São investimentos de curto prazo que, segundo o dirigente nacional, já começam a dar resultados: “Boas gestões, governança mais moderna, profissionalismo no negócio e mais coração cooperativista”, conclui.

 

PUBLICADO EM: 28 de junho de 2017