Tabaco, calçados, proteína animal, crédito especial e a Amcham falaram no Tá na Mesa, desta quarta (06), onde mostraram o impacto da decisão
Empresas gaúchas que integram as cadeias produtivas dos setores metalmecânico, moveleiro, calçados e alimentício foram as primeiras a protocolar pedidos de financiamento junto ao programa de auxílio aos exportadores, criado pelo Governo do Estado para socorrer os segmentos industriais afetados pela elevação da taxação imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. O relato foi feito pelo presidente do BRDE, Ranolfo Vieira Junior, no Tá na Mesa da FEDERASIL desta quarta-feira, 06, que teve como tema “Exportações comprometidas: Impactos reais das sanções americanas no RS”.

Ranolfo Vieira Junior considera os R$ 100 milhões uma medida paliativa diante do impacto na economia gaúcha, mas destacou que os empréstimos oferecidos através do BRDE, terão uma taxa de juros subsidiados e muito abaixo do mercado (IPCA mais 4% ao ano), além de cinco anos para pagamento e 12 meses de carência.
Também foram palestrantes do evento Francisco Turra, presidente do Conselho da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA); Priscila Linck, coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados; Valmor Thesing, presidente do SindiTabaco e Marcelo Rodrigues, Diretor Executivo da AMCHAM Câmara Americana de Comércio.

Ao dar início ao debate que ocorreu no primeiro dia de vigência da taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, o presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, questionou a postura do presidente Lula argumentando que o país e o Rio Grande do Sul estão sofrendo as sanções políticas decorrentes da postura hostil do governo brasileiro frente aquele país. “Enquanto Lula continuar com provocações ideológicas não teremos uma solução para essa crise que causa um impacto social e econômico brutal para o Brasil e para o Rio Grande do Sul”, afirmou ao acrescentar que o país não pode aceitar atitudes de um governo que se coloca acima da Constituição e do Congresso Nacional.
Proteína animal

Em sua manifestação, Francisco Turra destacou que o país vive um momento extremamente grave em que o descaso e a falta de ética do Governo Federal levaram a essa situação complicada. “A diplomacia brasileira é muito falha”, declarou. Disse ainda que além disso, o país pecou por não ter feito acordos bilaterais de livre comércio com outros países, o que facilitaria a exportação de produtos nacionais nesse momento em que o mercado americano está em crise, citando como exemplo países da África e da Ásia. Acrescentou que o setor da proteína animal está trabalhando na busca de novos mercados, mas acredita que os consumidores e importadores americanos serão fortes aliados do Brasil na busca de uma solução por estarem fidelizados com os produtos brasileiros. “Nós vamos encontrar uma saída, não tenho dúvida”, finalizou.
Tabaco

O presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing lembrou que o Brasil é um dos maiores exportadores de tabaco do mundo, tendo negociado com 113 países em 2024, sendo que os Estado Unidos é o terceiro maior destino do produto brasileiro. No primeiro semestre de 2025 mais de 200 mil toneladas foram negociadas no valor de US$ 1,3 bilhão. Somente para os Estado Unidos foram exportadas 40 mil toneladas (2024). De janeiro a junho deste ano, já foram exportadas 19 mil toneladas.
Ele considera o momento “complicado, delicado e desafiador”, mas acredita numa saída diplomática através da negociação com os Estados Unidos. Destacou ainda que toda safra 2025/26 já está contratada no campo, o que significa que, toda produção será comercializada. A safra 2024/25 já está sendo processada na indústria.
Calçados

A coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, disse que o setor calçadista tem uma importância econômica e social relevante para o país, respondendo por 3% do PIB da indústria de transformação brasileira. E que o Brasil é o quarto maior produtor de calçados do mundo, sendo que os Estados Unidos são o principal destino do calçado brasileiro. No Rio Grande do Sul o setor calçadista é o quinto maior empregador. A dirigente destaca, entretanto que a indústria gaúcha já está sendo afetada pela decisão do presidente dos EUA e que já há relatos de empresas que tiveram pedidos cancelados. “Nossa preocupação é grande e o risco de demissões será avaliado nos próximos 90 dias. Precisamos de medidas emergenciais e articular um posicionamento do setor frente a essa situação”, argumentou.
Câmara Americana de Comério – Amcham

Já o diretor executivo da AMCHAM – Câmara Americana de Comércio, -Marcelo Rodrigues, reforçou que a parceira de mais de 200 anos entre Brasil e Estados Unidos vive um momento “sensível e delicado”e que a entidade fez uma articulação defendendo o diálogo entre os dois países para evitar o enfraquecimentos de laços históricos. Apontou como possíveis impactos econômicos ao país a queda do PIB, a redução das exportações brasileiras em mais de US$ 9 bilhões e o risco de mais de 110 mil postos de trabalho perdidos.
