Líderes empresariais denunciaram, no Tá na Mesa, a falta de compreensão do governo federal diante da tragédia climática
Presidentes de entidades de setores da economia foram uníssonos ao considerar o auxílio do governo federal como insuficiente e de difícil acesso. A crítica à falta de auxílios adequados para o RS e urgência pela busca de soluções concretas, reuniu líderes empresariais nesta quarta-feira (10) no Tá na Mesa da FEDERASUL, em painel com o tema: “A tragédia, perdas e as ações que o RS precisa”.
O evento contou com as exposições do presidente da Associação dos Empresários do 4° Distrito Vítimas da Enchente, Arlei Romero, o presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), Paulo Geremia, e o presidente da Federação das Associação Gaúchas do Varejo (Federação AGV), Vilson Noer. O encontro contou com vozes uníssonas em apelo ao governo federal por medidas eficazes diante das devastadoras consequências das enchentes recentes no Estado: “Precisamos de ações efetivas”.
O presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, abriu o evento saudando as iniciativas dos empresários filiados à entidade que, por todo RS, já estão mobilizados para a reconstrução. No entanto, o futuro gaúcho não se desenha animador, explicou o presidente. “Gostaria de trazer aqui para vocês uma mensagem otimista, de esperança para todos, mas temos que ser responsáveis com aqueles que representamos. A verdade é que o cenário que surge à nossa frente tem sido cada vez mais sombrio – por uma inércia, uma morosidade e até um negacionismo do governo federal. É o que aparece nos números oficiais, nas estatísticas”, afirmou Sousa Costa. Ele lembrou que esta “inércia” de Brasília em socorro ao Estado causa uma “onda de desemprego”, devido a “políticas públicas equivocadas”. “Não há recursos”.
Falta infraestrutura
O presidente da Federação AGV, Vilson Noer, destacou a necessidade urgente de reestruturar a infraestrutura afetada e lembrou os problemas de logística e no acesso às áreas atingidas. “Ainda enfrentamos sérios problemas de acesso pela BR 116 e uma grave falta de agilidade do governo federal no repasse de auxílios”, apontou, lamentando o impacto severo sobre empresas, que já estão há mais de 60 dias fechadas, das pequenas às grandes. “Não há recursos”, criticou Noer. Segundo o presidente da Federação AGV, houve diminuição de 60% de faturamento do comércio durante o período de fechamento. Ele ressaltou a falta de suporte federal, apontando que dos R$ 92 bilhões prometidos, apenas 19% foram efetivamente liberados.
Questionado por jornalistas em entrevista coletiva antes do evento, Noer comentou sobre a atuação do ministro extraordinário da Reconstrução do RS, Paulo Pimenta. “Ele tem muita boa vontade, mas pouca efetividade porque chega em Brasília e bate na trave”, explicou o presidente da Federação AGV. “O governo federal não olha pro RS como Brasil, mas como Estado, eles não conhecem o RS, não estão vendo a realidade que vivemos”, afirmou Noer. “O RS também é Brasil”.
Fundo perdido
O presidente da Associação dos Empresários do 4° Distrito Vítimas da Enchente, Arlei Romero, enfatizou a importância de “regras claras” para acesso aos recursos públicos para reconstrução. “Os números são preocupantes. Estamos na crise há 60 dias e o único recurso que tivemos foi o do Pronamp, é muito pouco. Precisamos de dinheiro a fundo perdido.”, explicou Romero. Ele também defendeu que é necessário que os bancos facilitem a análise de crédito: “Não é uma situação normal”.
O 4º Distrito, em Porto Alegre, foi uma das regiões mais afetadas pela cheia do Guaíba devido às chuvas. Arlei afirmou que cerca de 4 mil CNPJs e 30 mil trabalhadores foram afetados. “A gente precisa urgentemente de ações resolutivas e efetivas do governo federal. Temos muitas empresas que precisam de 15 mil reais, mas não vão conseguir nem chegar na porta do banco“.
Para protestar contra a “morosidade” do governo federal, Arlei anunciou um ato intitulado “O RS também é Brasil”, no dia 14 de julho, no Sítio do Laçador, em Porto Alegre. “Isto é um ato da sociedade gaúcha, é para todo o Estado”, afirmou. Recursos fora da mancha.
Sem aeroporto não tem turismo
O presidente do Sindha, Paulo Geremia, corroborou as preocupações, alertando para o risco iminente de demissões em massa e a fragilidade econômica generalizada que se instalou no RS. “Precisamos de pelo menos três vezes mais do que foi disponibilizado até agora para que as empresas consigam sobreviver e manter seus funcionários”, exigiu. Ele lembrou que, em seu setor, muitas empresas perderam todos os insumos, com equipamentos comprometidos, sendo que “ainda havia dívidas para pagar desde a pandemia, e essas cobranças não foram paradas”. Ele salientou a necessidade de apoio a empresas mesmo fora da “mancha de inundação” – aquelas que foram devastadas pela água.
Para exemplificar, citou empresas que dependem do Aeroporto Salgado Filho, que foi alagado e, segundo projeção da concessionária, permanecerá inativo até 2025. “O turismo sem o aeroporto fica totalmente sem clientes, então não fatura. Os hotéis vão demitir muito. Se não pensar no todo do RS, vamos ficar patinando. Precisamos de recursos fora da mancha”, explicou, completando após: “A mancha é o Rio Grande todo”.
Homenagens
A FEDERASUL prestou homenagens a empresas e líderes empreendedores durante a reunião-almoço, as quais receberam placas comemorativas em alusão à passagem dos seus respectivos aniversários:
ACIS – Faxinal do Soturno – Associação Comercial , Industrial e de serviços Faxinal do Soturno – 55 anos
ACIC Chapada – Associação Comercial e Industrial de chapada – 35 anos
ACISCO – Serafina Corrêa – Associação Comercial Industrial e de Serviços de Serafina Corrêa – 40 anos
Acisa – Santo ngelo – Associação Comercial, Cultural, Industrial, Serviços e Agropecuária de Santo ngelo – 95 anos
Cic de Garibaldi – Câmara de Indústria e Comércio – 100 anos
Cic Vacaria – Câmara da Indústria, comércio, agricultura e serviços de Vacaria – 90 anos
Galeteria Di Paolo – 30 anos