Painel destaca resiliência e ações de contingência

Última palestra do evento reuniu dois empresários que foram afetados pelas enchentes e atuaram como voluntários

 

Encerrando o 20º Congresso da FEDERASUL, num sábado frio, em Bento Gonçalves, o painel “Inovação e Sustentabilidade na Reconstrução” reuniu duas figuras influentes do setor empresarial: vice-presidente da Icatu Seguros e presidente da RS Seguros e Previdência, Cesar Saut, e o CEO do Instituto Caldeira, Pedro Valério. As apresentações abordaram os desafios que ambos empreendedores enfrentaram, e a resposta às recentes calamidades naturais que assolaram o Rio Grande do Sul. Ambos demonstraram esperança na reconstrução do Estado, por meio do empreendedorismo.

 

Saut e Valério tiveram que esvaziar as estruturas de seus escritórios devido às enchentes, sendo que o segundo teve o prédio completamente alagado. Ambos atuaram em campo salvando pessoas, mobilizando doações e auxiliando nos resgates.

Impossível x improvável

Utilizando o conceito do estatístico alemão Emil Gumbel, Saut afirmou: “É impossível que o improvável nunca aconteça”. Ele explicou que, embora as enchentes que atingiram o RS fossem improváveis, elas eram possíveis e, portanto, era crucial estar preparado.

Saut destacou a importância de agir com rapidez e eficiência em situações de crise. “Enquanto empresa, acionamos um plano de contingência que foi efetivo”, disse ele, referindo-se às ações emergenciais realizadas pela Icatu Seguros. Antes do ápice das chuvas, o prédio da Icatu, localizado no Centro Histórico, já estava evacuado e os funcionários em segurança. “Gestão de crise é essencial,” afirmou.

 

Empatia e Responsabilidade

Ao final de sua fala, Saut fez uma reflexão sobre a diferença entre solidariedade e empatia. Segundo ele, solidariedade é passageira, amenizadora, enquanto empatia é mais profunda. Reforçou a responsabilidade contínua de trabalhar na reconstrução: “Não passou ainda. Nós temos uma responsabilidade muito grande de continuar trabalhando para reconstruir”. Com otimismo, concluiu: “Vamos continuar acreditando no Rio Grande do Sul, no nosso negócio, no nosso futuro”.

 

Inovação

Pedro Valério, CEO do Instituto Caldeira, compartilhou sua experiência com os desafios enfrentados no 4º Distrito, em uma área de 22 mil metros quadrados que ficou “28 dias debaixo d’água”. Valério destacou o potencial do Estado e a importância da tecnologia e inovação na superação das adversidades.

Ele contou que, desde a inauguração do Instituto Caldeira em 2019, enfrentam problemas. “A área já era ruim, alagava, tinha problemas de infraestrutura,” relatou. Apesar das dificuldades, o Instituto movimentava 1900 pessoas por dia antes das enchentes. Quando as chuvas começaram, eles precisaram acionar um plano de contingência, preparando sacos de areia e monitorando a situação com informações da UFRGS. “Mas o improvável aconteceu,” lamentou, lembrando a explicação de Saut.

Valério relatou que “muita gente perguntou se o Instituto continuaria”, após as enchentes. No entanto, ele garantiu que isso não vai ocorrer. “O que a gente vai fazer, como todo empreendedor faz, é dobrar as apostas”.

 

O Futuro do Rio Grande do Sul

Ambos os palestrantes concordaram sobre a necessidade de acreditar no futuro do Rio Grande do Sul, apesar das dificuldades. Saut destacou: “A enchente não vai mexer no nosso futuro,” enquanto Valério reforçou a crença no potencial do Estado: “A gente acredita no potencial do Rio Grande, na tecnologia, na inovação.”

 

 

PUBLICADO EM: 29 de junho de 2024