Os desafios econômicos do Rio Grande do Sul foi o tema da palestra do ex-secretário da Fazenda do Estado e Conselheiro de administração de empresas, Aod Cunha no Tá na Mesa da FEDERASUL desta quarta-feira (09)
Aod Cunha apontou a educação, o envelhecimento populacional, a seca/irrigação, a necessidade de manter o equilíbrio fiscal por mais tempo e a capacidade de investimentos como algumas das causas dos problemas. E foi além lembrando a necessidade de uma gestão de desenvolvimento mais moderna e melhor articulada entre o setor público e privado e mais focada na qualidade do capital humano como os principais gargalos que atrasam o crescimento da economia gaúcha.
Para sair deste quadro que segundo Aod Cunha pouco mudou nas últimas duas décadas, o economista sugere estratégias de desenvolvimento mais modernas e ousadas. Disse, por exemplo, que sem descuidar do mercado interno, o Rio Grande do Sul deve promover maior abertura ao mercado nacional e internacional, apesar das restrições demográficas e de localização. Outros pontos de bastante destaque indicados são a maior atração de bom capital humano e novas empresas, mais foco em tecnologia e inovação e mais qualidade na política de estímulos para as empresas já instaladas e na atração de novas.
“A queda de qualidade na educação pública gaúcha, que já vinha ocorrendo desde o final do século passado, continuou nas últimas décadas”, argumentou Aod ao citar a ausência de escolas privadas de Porto Alegre entre as 10 primeiras no último ENEM e a lição do Ceará que tem 87 das cem melhores escolas públicas do 1º ao 5º do Ensino Fundamental no último IDEB.
Aod disse ainda que o Estado precisa manter por muito tempo uma vigilância sobre a questão fiscal pois continua com uma capacidade restrita de investimento público. Destacou que o Rio Grande do Sul teve um crescimento populacional de 1,8% entre 2010 e 2022, muito distante do vizinho Santa Catarina que registrou crescimento populacional de 21% no mesmo período. “No nosso saldo migratório os dados mostram que mais gente sai do que entra no Estado. Portanto precisamos atrair mais pessoas para ficar”, argumentou.
Em seguida atribuiu o baixo crescimento do Brasil como uma importante restrição ao desenvolvimento dos Estados. Destacou que enquanto a maioria dos países do mundo registraram uma média de crescimento do PIB em torno de 3,6% nas últimas cinco décadas, o Brasil foi de apenas 0,9%.”Não há falta de dinamismo global, mas o Brasil vem perdendo participação no PIB mundial”, explicou.
Aod apontou ainda a escassez de água como responsável pela perda de produto potencial no Estado. Disse que a irrigação tem potencial de dobrar a produtividade do milho, insumo básico para a indústria de carnes e que precisa ser importado de outros Estados.
O presidente da FEDERASUL Rodrigo Sousa Costa, que coordenou o Tá na Mesa disse que o cenário mostrado pelo ex-secretário está em sintonia com o Manifesto do Empreendedor Gaúcho lançado pela FEDERASUL e que mostra os problemas do RS e aponta soluções para o desenvolvimento . O vice-presidente de Integração da FEDERASUL, Rafael Goelzer também participou do debate final do evento.