O vice-presidente de economia da FEDERASUL, Fernando Marchet, fez uma análise econômica dos 100 dias dos governos federal e estadual. Destacou que embora a preocupação dos empresários seja de como seus negócios devem se movimentar, é importante lembrar que o Brasil não é independente do mundo e que o ambiente macro é de elevação de preços internacionais e de taxas de juros, especialmente em decorrência da pandemia.
Ao avaliar os 100 dias do Governo Lula, disse que o primeiro trimestre de foi marcado por mensagens frequentemente ambíguas sobre o compromisso real do novo Governo em ajustar as contas públicas. Além disso, não ocorreram votações importantes no Congresso Nacional, o que torna difícil avaliar a força política do novo governo para aprovar as propostas de ajuste fiscal e reforma tributária.
No cenário fiscal, destacou a substituição do teto de gastos pelo Novo Arcabouço Fiscal e a reciclagem e ampliação da prática do orçamento secreto, visando o apoio de parlamentares, além do aumento significativo de 60% no número de ministérios. Apontou também o ativismo econômico especialmente com a retirada de 10 empresas do programa de privatização, incluindo o Correios.
Ainda sobre o arcabouço fiscal explicou que anteriormente o teto de gastos era atrelado ao comportamento da inflação, de forma que o limite da expansão das despesas não poderia ser superior à inflação do ano anterior. E que a nova proposta vincula o aumento real da despesa ao desempenho da receita.
Disse ainda que calculando diversos cenários diante dessa proposta destaca-se uma alta probabilidade do resultado primário ficar bem abaixo do que foi prefixado pelo governo. Fernando Marchet considerou um eventual insucesso, com gastos e déficit crescentes, sinalizando um aumento da inflação para financiá-los. Somente mediante um crescimento agressivo da receita com aumentos reais de 4,25% na receita todos os anos, além do choque tributário de R$ 150 bilhões, é que torna-se possível o alcance das metas definidas”, finalizou.
Quanto as projeções para o Rio Grande do Sul, o especialista destacou que a continuidade do Governo Estadual e da agenda de reformas, somado aos ajustes nas contas públicas abrem espaço para investimentos do Governo. Para o Estado, Marchet vê um cenário positivo com melhoria no ambiente de negócios e melhora na competitividade.