As exportações do Rio Grande do Sul somaram US$ 5,52 bilhões entre julho e setembro, representando uma queda de 5,6% em comparação com o mesmo período de 2014. O resultado foi determinado pela indústria de transformação, que teve retração de 7,3% (totalizando US$ 3,81 bilhões). Esse recuo só não foi mais acentuado devido à exportação de uma plataforma de petróleo e gás (P-67) para a China, no valor de US$ 394,1 milhões, em setembro. Caso não fosse considerada, a perda do setor fabril teria sido de 16,9%, semelhante ao que ocorreu em nível nacional (-16,7%).
“O polo naval é fundamental para a economia gaúcha, em função da sua capacidade de geração de emprego e renda na região Sul. No entanto, sua contabilização como exportação não pode ser usada para mascarar a preocupante desaceleração das vendas do setor industrial no exterior”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor José Müller, ao avaliar a balança comercial.
De um total de 23 setores industriais no Estado com registro de operações de exportação, 18 venderam menos. As fortes quedas vieram de coque e derivados de petróleo (-52,6%), tabaco (-34,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-20,5%), couro e calçados (-20,2%), máquinas e equipamentos (-19,1%), produtos alimentícios (-13,2%) e produtos químicos (-10,9%).
O avanço mais significativo ocorreu em papel e celulose (233,3%), em função da expansão da capacidade da planta da Celulose Riograndense, em Guaíba. Já os produtos básicos retraíram 1,7%. “Convém lembrar também que o atual processo de desvalorização na taxa de câmbio é benéfico para o setor, mas a grande volatilidade da cotação atua para diminuir a previsibilidade das receitas das empresas, o que não é positivo”, comentou o industrial.
Em relação aos parceiros comerciais, a China alcançou o primeiro lugar (US$ 2,22 bilhões), uma elevação de 20,2%, ao comprar basicamente soja e a plataforma P-67. A segunda posição ficou com os Estados Unidos (US$ 365,7 milhões), que diminuíram em 11,8% as encomendas e receberam principalmente tabaco não manufaturado. Na sequência veio a Argentina (US$ 311,3 milhões), ao reduzir em 16,6% sua solicitação, cujos produtos destaques foram veículos automotores.
Ainda nessa base de comparação, as importações totais caíram 36,7%, somando US$ 2,55 bilhões – valor mais baixo para o período desde 2006. Todas as categorias de uso sofreram diminuições. A principal delas foi em combustíveis e lubrificantes (-59,9%), determinada pela queda da cotação internacional do petróleo ao longo dos últimos meses. Os resultados de bens intermediários (-31,1%) e de capital (-18,5%) refletem a falta de dinamismo da indústria, a desvalorização cambial e o pessimismo com o desempenho da economia nos próximos meses.
As exportações totais de setembro cresceram 1,5% (totalizando US$ 2,1 bilhões), ante o mesmo mês de 2014, com a indústria avançando 5,5% (US$ 1,6 bilhão), em função da plataforma P-67. Se essa operação não fosse contabilizada, o encolhimento do setor secundário teria sido de 20,4%. Segmentos como tabaco (-35,8%), produtos alimentícios (-13,6%) e produtos químicos (-19,9%) recuaram de maneira significativa.
Fonte: Jornal do Comércio