A Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (FEDERASUL) deu início de seu 16º Congresso com uma agenda sob medida para debater e ouvir especialistas que deixar uma reflexão para 2021. O encontro, pela primeira vez online, está trazendo uma visão de futuro mais otimista. Na programação, que começou na noite de quarta (21) e encerra na quinta (22) um misto de política com economia e ideias que, pela sua criatividade, proporcionaram bons resultados às entidades que as criaram.
Na sua saudação, a presidente Simone Leite lembrou o momento diferente do Congresso. “Estamos conectados através de uma tela para produzir bons debates e grandes soluções”.
A primeira atividade do 16º Congresso FEDERASUL apresentou dois cases de sucesso selecionados para o Congresso e trazidos pelas Associações de Osório (ACIO) e de Julio de Castilhos (ACCIJUC). O vice-presidente de integração, Rafael Goelzer, enfatizou a superação de todos e disse que os cases são resultado da resiliência dos empresários.
Foram dois projetos implementados que, a partir de suas criações, reverteram em benefícios aos associados. São ações das entidades que beneficiaram empresários e criaram soluções para os problemas da comunidade empreendedora. As filiadas de Osório e Júlio de Castilhos apresentaram suas novidades.
Café com Associados online
O Café com Associado promovido pela Associação Comercial Industrial e de Serviços de Osório (ACIO) sempre foi uma das ferramentas importantes da entidade para compartilhar, com seus associados as ideias e também um canal para ouvir as demandas e outras necessidades. Com sucesso, a aproximação que a ACIO sempre buscava junto ao associado foi alcançada.
A pandemia, no entanto, mudou tudo e a entidade renovou estes encontros que, por força dos protocolos de distanciamento por causa da COVID 19 passaram a ser virtuais. Foram criadas outras formas de comunicação remota, explicou o presidente da entidade, Tiago Johnson Centeno Antolini. O envolvimento continuou sendo mantido e a adesão foi considerada satisfatória. “63% dos associados participaram como forma de entender o que estava acontecendo e dizer como estavam enfrentando o distanciamento”.
A ACIO, que completou 69 anos, sempre foi atuante em Osório mas nos últimos anos ficou ainda mais ativa, com a proposta de colocar à disposição dos associados cursos de capacitação, almoços/palestras, representatividade e participação em conselhos municipais, fóruns de discussões e campanhas visando o desenvolvimento da região do Litoral Norte do Estado.
Os empresários participaram das lives onde falaram sobre suas dificuldades e fórmulas de reversão de problemas. “Queremos escutar nosso associado e conseguimos”, comemorou Antolini. O projeto, por esta razão, será aplicado em outros eventos, transformando as ações da ACIO em híbridas.
A ACIO tem quatro funcionários e 264 associados. É presidida por Tiago Johnson Centeno Antolini e seu executivo é Guilherme Dalpiaz Mansam.
Programa de Estágio ACCIJUC
Integração entre instituições de ensino, empresas e estudantes que frequentam as séries finais do ensino fundamental, o ensino médio, técnico, superior e da educação de jovens e adultos foi a ferramenta utilizada pela Associação Comercial Cultural e Industrial de Júlio de Castilhos para inserir jovens no mercado de trabalho. “Depois de um planejamento conseguimos”, vibrou a executiva da entidade, Camila Appel que iniciaram os preparativos em janeiro de 2019.
O Programa, no entanto, começou a funcionar em novembro do ano passado e para uma cidade de 120 mil habitantes, conta Liziane Fruet, estamos com 103 currículos e com 12 jovens estagiando.
Depois de receber currículos de estudantes que deixaram na entidade em busca de experiência e trabalho, a ACCIJUC fez um banco de dados e visitou os associados informando sobre o novo serviço. Um dos pontos positivos descritos no case por Liziane foi a contratação de estagiários via o Programa de Estágio onde estudantes e empresas são beneficiados. Os estagiários não criam vínculo empregatício e aprendem o ofício na prática. Para a empresa o benefício de auxiliar os estudantes em seus estudos e de passar conhecimento.
A Associação Comercial Cultural e Industrial de Julio de Castilhos, fundada em 1950, supriu, com seu Programa uma lacuna importante na vida dos estudantes com a facilitação de ingresso no mercado de trabalho e na aquisição de conhecimentos práticos. A entidade sempre esteve presente na vida dos empresários castilhenses vai dar andamento ao Programa.
A ACIIJUC tem três funcionários e 358 associados. É presidida por Julio Cesar Batistella.
Congresso recebe saudações de apoio de autoridades
Governador Eduardo Leite, presidente da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), George Pinheiro, presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ernani Polo, deputados federais e Fabiano Dallazen, do Ministério Público, saudaram, através de vídeos o Congresso da FEDERASUL lembrando a importância do debate e a participação, sempre ativa, da entidade nas luta em defesa de suas 170 filiadas que representam mais de 40 mil empresas no Estado.
A presidente Simone Leite lembrou as experiências e as vitórias do Estado desde 2019 com as reformas da previdência e administrativa, ambiental que melhoraram o ambiente de negócios no RS. Agradeceu a todos que não se omitiram na luta contra a reforma tributária, que acabou sendo retirada, pelo Governo, da Assembleia Legislativa, em função da pressão recebida da sociedade e das entidades.
Pela ordem, falaram:
CACB – George Pinheiro: “Importante mantermos a união, neste difícil momento, para buscarmos as soluções”.
Deputado Jeronimo Görgen: “Trago meu apoio a causa do empresariado gaúcho”.
Deputado Alceu Moreira: “Importante estimular a criatividade em busca do empreendedorismo e encontrar um modelo de saída para o pós-pandemia”.
Deputado Marcel Van Hattem: “O que seria de nós se não fossem as entidades, como a FEDERASUL? Amargaríamos mais aumentos de impostos”.
Deputado Pedro Wesphalen: “Sempre a FEDERASUL procurou uma saída para os momentos difíceis que estamos passando”.
MP – Fabiano Dallazen: “Espaço importante aberto entre FEDERASUL e MP para superar os momentos de graves dificuldades”.
Presidente da AL, deputado Ernani Polo: “O empreendedorismo promoveu um bom trabalho em parceria com a Assembleia que mudaram nosso Estado”.
Governador Eduardo Leite – “Adiamos o debate da reforma tributária mas vamos retomar o assunto porque queremos simplificar o sistema tributário e evitar uma crise fiscal mais grave”.
LGPD muda as rotinas das empresas e traz desafios
O primeiro painel do 16º Congresso FEDERASUL foi moderado por Letícia Batistela, coordenadora da Divisão Jurídica da entidade. Para tratar do tema “Repercussões da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)” as convidadas, Gabriela Glitz e Fernanda Girardi fizeram um histórico das mudanças e da nova ordem que se estabeleceu às empresas e aos cidadãos a partir da entrada em vigor da LGPD. “O processo exige controles maiores”, disse Letícia.
O debate iniciou pela segurança jurídica com o advento da LGPD que pode ser consultada no site da FEDERASUL com a cartilha produzida pela Divisão Jurídica. Ela ajuda a entender as novas regras. Fernanda Girardi lembrou que a privacidade ganha destaque com a lei. “A LGPD faz o empreendedor repensar seus métodos para assegurar a proteção dos dados pessoais”.
Já Gabriela Glitz detalhou as modificações que a LGPD trouxe ao ambiente corporativo. “Os departamentos de RH, que todos tem, estão se adaptando à nova lei”. Ela falou também em medidas que as empresas podem tomar para se adequarem às novas regras sem grandes custos. “Trata-se de mudanças culturais”, enfatizou.
Armazenar documentos pessoais também se tornou um problema em função da nova lei. Este detalhe força a uma mudança cultural nas corporações de qualquer tamanho. Um currículo não vale por mais de seis meses, disse Letícia Batistela, lembrando sobre a importância de higienizar o banco de dados. Com a LGPD quem guarda, tem risco.
Galló e a visão otimista do futuro “com segurança jurídica”
O presidente do Conselho de Administração da Lojas Renner, José Galló, iniciou sua conversa com a presidente Simone Leite, no segundo painel do primeiro dia, “Experiências, oportunidades e transformações” dizendo que gosta de indefinições. “Elas provocam, pedem para que você faça alguma coisa e também podem paralisar”.
Contou que levou um susto nas primeiras informações sobre a COVID-19 e a consequente crise mas pensou que esta seria uma crise diferente, envolvendo não só a economia mas a saúde e economia juntas. Disse que pensou e percebeu que além de não estar sozinho, porque olhou para os lados, e começou a construir as soluções.
Enfatizou que a parte boa da crise foi a solidariedade, adotando medidas aos colaboradores e aos fornecedores. “Continuamos comprando tecidos mas transformando em equipamentos de segurança que foram doados às entidades de saúde”, disse.
Disse que a crise aconteceu num momento diferenciado, quando a economia vinha crescendo de forma linear e que antecipou as palavras novas que já estavam sendo escutadas na área da informação. “Os consumidores passaram a exigir coisas novas e antecipamos os projetos”.
A economia hoje contempla (“e vai continuar assim”), no varejo, lojas físicas e e-commerce. “Elas passam a ser integradas para atender o consumidor”, destacou. Este detalhe, continuou Galló, significa mais que comprar. “As lojas físicas representam um momento diferenciado para os consumidores”.
Para o futuro, disse Galló, teremos especializações no e-commerce, que passarão a ser verticalizados, especializados e os shoppings criarão os seus também. Para encerrar, o presidente do Conselho Administrativo da Lojas Renner disse que “vencedores são os que criam proposta de valor diferenciados” e concluiu dizendo que “ninguém faz nada sozinho”.
Galló mostrou otimismo quanto a 2021. De acordo com ele o governo, no cenário econômico, trabalhou bem. Previu que, “com mais reformas teremos mais credibilidade” e advertiu: “não pode faltar segurança jurídica”.
A pimenta da política na vida dos gaúchos
O último painel do primeiro dia do Congresso apimentou os debates, com a visão de cinco jornalistas de cinco veículos de comunicação diferentes, que falaram sobre o “Cenário Político”. Também conduzido pela presidente Simone Leite, os jornalistas Rosane Oliveira (RBS), Guilherme Baumhardt (Rádio Guaíba), Fernando Albrecht (Jornal do Comércio), Ozires Marins (Band) e Rafael Marconi (Pampa) falaram sobre suas visões políticas nas três esferas dos poderes.
As eleições municipais ganharam espaço, assim como o Estado e o governo Bolsonaro. Destaque para a situação dramática do RS em função do déficit previsto de US$ 13 bilhões. Rosane Oliveira disse ter expectativa na venda das estatais cujos recursos não podem ser colocados em conta corrente. Para resolver o problema fiscal, disse a jornalista, “o caminho são as concessões”.
O jornalista Fernando Albrecht lembrou que a pandemia não trouxe apenas o novo, mas a “demagogia”. Falou sobre as “incertezas” nas eleições municipais e perguntou de onde os candidados, que muito prometem, vão tirar o dinheiro para cumprir as promessas.
Em seguida falou o jornalista Guilherme Baumhardt que disse que no Estado e no município se vende muito as ideias de caos mas que não é bem assim. “Na saúde, por exemplo, a maior procura é pelo SUS, do governo federal”. Lembrou que não viu pedido de exoneração de servidores públicos que há cinco anos, estão com os salários parcelados. Disse também que o governo gaúcho optou por não vender o Banrisul e mostrou preocupação com a possibilidade da instituição perder valor diante do novo mercado financeiro que está fazendo concorrência com os banco, citando o exemplo das fintechs.
O governador Eduardo Leite, destacou o jornalista Ozires Marins, herdou uma situação difícil e ainda pegou a pandemia que “agudizou tudo”. Ele acredita que, no âmbito municipal, as eleições estão abertas e lembrou que, por causa disso “podemos ter surpresa”. E para concluir perguntou, olhando para o cenário nacional: ”O Brasil suporta uma crise gerada a cada dia?”.
O jornalista Rafael Marconi falou sobre as incertezas que viveremos no médio prazo com os efeitos do fim do benefício emergencial na área federal. Revelou que não tem boas expectativas para o Rio Grande do Sul: “é bom irmos nos preparando para uma forte tempestade em função do déficit fiscal” e disse que tem receio de que os contribuintes sejam obrigados, novamente, a pagar a conta.