Representantes do Grupo de Live Marketing do RS contaram, no Tá na Mesa, toda sua luta para poder trabalhar. O encontro foi transmitido pela fanpage da FEDERASUL.
Mais de duzentos dias se passaram desde que o Governo do Estado adotou protocolos sanitários e de restrições comerciais, porém nada evoluiu junto ao setor de eventos, que em nível estadual é responsável por meio milhão de postos de trabalho e arrecadação na casa de R$ 2 bi/ano. A magnitude da cadeia chamada “Indústria do Entretenimento”, equivale a 12% do PIB brasileiro.
Para Eliana Azeredo – diretora da Capacità Eventos, o setor ruiu já em março, quando as imposições foram adotadas. “Fazer lives e aprender a ser tecnológico é importante, mas não existe transformar tudo em ambiente virtual. Isso é um segmento do mundo de acontecimentos”, afirma. A adoção de fazer lives e shows drive-in é, na visão de Eliana, “apenas paliativo. Essa história de novo normal é inaceitável. Isso não é normal, mas anormal”.
Como um coro, os representantes criticaram duramente os protocolos adotados e as dicotomias existentes, além da instabilidade jurídica e conflitos de competências, principalmente na esfera municipal. A diretora da Capacità explicou que, mesmo após o grupo ter explicado e elencado inúmeros tipos e variações de protocolos ao Governo do Estado, os municípios estão dificultando a retomada. Além da falta de critérios, existe a boa vontade do serviço público em reativar as operações. Eliana afirma que desde o último dia 9 de outubro, espera uma posição da Prefeitura de Porto Alegre, sobre os protocolos apresentados e que tiveram sua eficácia comprovada em eventos-teste.
Para Rodrigo Machado, sócio-Diretor da Opinião Produtora, seguir com a ideia de restrição das atividades não tem sentindo, visto que em eventos organizados por produtoras é seguido uma série de protocolos e controles. Ele salienta algumas incongruências, tais como: a possibilidade da abertura de restaurantes, mas não é permitido reunião-almoço, mesmo com a limitação e o conhecimento do público específico. Outra crítica é no tocante a atividade religiosa “aqui não está sendo julgado o critério da fé, mas do evento. O religioso seria o palestrante, e o fiéis os espectadores. Qual a diferença? Por que não se pode realizar uma palestra? O espaço e o rito são os mesmos”, exemplificou.
EVENTO NÃO É APENAS FESTA
Roberto Rimoli, diretor Executivo da Duetto Eventos, afirmou que “antes da pandemia evento, para o Governo, era festa e ponto final. Festa é um dos inúmeros desdobramentos do setor. Evento é negócio, emprego e impostos”. Se juntando aos demais, Rimoli defendeu a retomada das atividades porque o setor demonstrou ser organizado e comprometido, em virtude de que tudo é planejado e protocolado.
Importante alerta dado pelo diretor da Duetto é o aumento da clandestinidade de festas, o que segundo ele, pode ocasionar em casos parecidos com o incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, em janeiro de 2013. “A restrição tem como aditivo a ilegalidade de festas e eventos, e isso trazem riscos à comunidade e prejuízos aos cofres públicos”, disse Roberto.
LIBERDADE PARA TRABALHAR
Os três empresários elencaram algumas atitudes que devem ser tomadas pelo Estado e municípios, entre eles: cobrança justa de ISS, fim da intransigência entre município e Estado e a falta de previsibilidade/cronograma de retomada. “Não existe transferência ou demanda reprimida. É evento cancelado e ponto final. 2020 é um “soco no estômago” do setor e acabou mostrando coisas que precisavam ser modificadas, dentre elas a cobrança justa de impostos sobre eventos”, disse Eliana.
A presidente da FEDERASUL, Simone Leite, cobrou sensibilidade dos gestores públicos, e afirmou “por trás desses números existem pessoas querendo trabalhar. Empresas querendo faturar. Continuar com esse “protecionismo” é contribuir para o aumento da desigualdade social”, disse.