A vantagem de uma forte queda do real frente ao dólar para as usinas brasileiras é que elas podem maximizar retornos em moeda local com vendas do açúcar, cotado em dólares, para cumprir com obrigações como salários, impostos e juros sobre dívidas.
Operadores europeus disseram que operações de hedge por produtores para a safra 2016/17 no Brasil começaram cedo neste ano e seguiram em ritmo acelerado, conforme produtores travaram o retorno de vendas de açúcar na moeda local.
O real atingiu uma mínima recorde de 4,2482 frente ao dólar na quinta-feira, e caiu mais fortemente ante a moeda norte-americana nos últimos meses do que a moeda de qualquer outro dos grandes produtores mundiais de açúcar.
“As usinas estão tirando proveito do real fraco antes da próxima safra”, disse o analista sênior para agricultura da Platts, Claudiu Covrig.
Um operador em Londres disse que “as usinas estão buscando fixar o preço da safra 2016/17. É atrativo para os produtores fazer o hedge”. Segundo outro operador, a expectativa é de que as usinas brasileiras vendam não mais do que entre 40 e 45 por cento na próxima safra neste momento, e a percepção de uma correlação menor entre o real e o preço do açúcar pode indicar que muito desse travamento de preços já foi feito.
O mercado tem notado uma tensão no preço do açúcar, com a queda do real, que deveria pesar sobre os preços futuros, e preocupações sobre um tempo adverso em diversos produtores, notadamente na Ásia, que apoiam as cotações.
“Todos têm percebido que o mercado está mais altista do que baixista”, disse Covrig, da Platts.
Nesta sexta-feira, no entanto, o açúcar bruto registrava alta de mais de 4 por cento em Nova York, com uma recuperação do real ante uma mínima recorde.
Fonte: Revista Exame