Foto: Itamar Aguiar
Postulantes às duas vagas que estão em jogo nesta eleição debateram sobre diversos pontos que serão cruciais ao país e que refletirão na vida dos gaúchos. Aborto e desarmamento foram algumas das pautas abordadas
Mantendo a tradição de promover debates entre os candidatos ao Senado, a FEDERASUL (Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul) realizou nesta quarta-feira mais uma edição do Tá na Mesa – Especial Eleições 2018. A Entidade é pioneira na promoção de painéis entre os candidatos ao Senado, ouvindo os principais nomes e os mais bem cotados nas últimas pesquisas de intenção de votos e, também, respeitando os critérios de representatividade partidária na Câmara Federal. Participaram do painel, que aconteceu no Salão Nobre do Palácio do Comércio, os candidatos Beto Albuquerque (PSB); José Fogaça (MDB); Luiz Carlos Heinze (PP); Mário Bernd (PPS) e Paulo Paim (PT).
Assim como na edição do painel com os candidatos ao Piratini (22.08), as regras foram as mesmas. A presidente da Federasul, Simone Leite, que mediou o encontro, lamentou na abertura que mesmo dentro dos critérios não haviam a presença de candidatas, como Abigail Pereira, do PC do B e Carmen Flores, do PSL. Os debatedores foram provocados a responder uma questão, composta por quatro temas polêmicos, formulada pela Federasul. Os assuntos foram: Casamento Homoafetivo; Aborto; Estatuto do Desarmamento e Maioridade Penal.
Por sorteio presencial o primeiro a responder foi o candidato do MDB, José Fogaça, que abordou o tema união homoafetiva pelo viés da liberdade de escolha sexual, ou seja, “cada um é livre para ser aquilo que sua natureza interna diz, e o Supremo Tribunal Federal resguarda e determina que todo o cidadão que se engloba nessa situação deve ser respeitado e, acima de tudo, ter sua decisão de unir-se a pessoa do mesmo sexo, registrada publicamente”, afirmou. Para Fogaça o aborto deve ser tratado como uma questão de saúde pública e as mulheres que se enquadram nessa situação, precisam de um atendimento humanizado. No que toca ao desarmamento, o ex-prefeito de Porto Alegre afirmou que “moradores de localidades isoladas, precisam ter acesso às armas de fogo”, finalizou.
O segundo a ser sorteado para responder foi o atual senador pelo Rio Grande do Sul, Paulo Paim, do Partidos dos Trabalhadores (PT). Para ele os questionamentos da Federasul já estão bem esclarecidos, mas o que tange o assunto do aborto, precisa ser mais divulgado e amplamente explicado. Para o parlamentar é necessário atendimento médico especializado e que o pobre tenha acesso a isso, a fim, segundo ele ”que essa chaga acabe. Não é justo que mulheres pobres, negras, e de periferia morram. Todas as mulheres devem decidir sobre o seu corpo”, afirmou Paim, que se posicionou de forma contrária nos demais assuntos, como maioridade penal e desarmamento.
O candidato do PPS, Mário Bernd, afirmou que ”se homem tivesse como gestar uma criança, com certeza, o poder de abortar já teria sido aprovado pelo Congresso Nacional. Aborto é saúde pública”, disse. Na questão que envolve a maioridade penal, Mario afirmou que “é preciso construir presídios que recuperem os apenados, porém, aqueles que são reincidentes, a aplicação rigorosa e pesada da Lei”, declarou.
Beto Albuquerque, do PSB, focou na questão da maioridade penal. Disse que “crimes hediondos devem ser punidos exemplarmente”, e defendeu, também, a federalização do sistema penitenciário. O aborto foi tratado pelo candidato como questão básica de saúde e direito da mulher, mas que ”não deve ser considerado um método contraceptivo. Ninguém aborta pelo prazer de abortar”, disse. Beto afirmou que o Brasil não está preparado para liberar completamente o uso e o porte de armas.
Heinze, do Partido Progressista, foi contra a liberação do aborto, exceto nas possibilidades em Lei, no quesito da relação homoafetiva “ não cabe o Estado regular isso. A vida é privada e o STF já dá respaldo para esse assunto”. Quanto à maioridade penal, afirmou que é necessário ser revista a Lei, e que o preso deve trabalhar na cadeia para pagar o período do cumprimento da pena”. Já para as armas o ex-prefeito de São Borja, definiu como insustentável a atual legislação, “é inadmissível um morador sair de sua propriedade e andar 200 ou 300km até chegar numa delegacia. A posse deve ser liberada, o porte deve permanecer como está. É preciso acabar com essa burocracia”, afirmou Heinze.